Em uma reunião ocorrida ontem, dia 31 de março no salão da Câmara de Vereadores , convocada pela Associação dos Irrigantes de Paramirim, o prefeito Municipal Dr. Júlio Bernardo, comunicou aos presentes, que foi chamado ao gabinete do Governador, diante de autoridades de diversos setores estaduais ligados ao abastecimento, fiscalização e distribuição de recursos hídricos, dentre os quais, diretores da CODEVASF, da CERB e EMBASA, para comunicar-lhe que, finalizada a elaboração do projeto, considerando a grande necessidade de abastecimento humano nos municípios de Rio do Pires, Ibipitanga, Macaúbas e Boquira. Considerando também que desde a sua construção a barragem do Zabumbão tem a finalidade de dessedentação humana e animal, sendo que ao longo desse tempo, nenhum projeto de irrigação existe, exceto arcaicos sistemas de irrigação por inundação para o capim do gado de alguns criadores, estará o governo, autorizando a construção da adutora que deve iniciar-se em poucos dias.

Esse projeto que sempre recebeu protestos do prefeito e moradores de Paramirim,  é antigo e vem sendo protelado desde a época do ex-governador Antônio Carlos ACM em 1993, devido à resistência de autoridades locais e populares, que temem um desabastecimento em massa.

Segundo disse o prefeito Dr. Júlio na reunião, esses argumentos foram combatidos pelos técnicos presentes, que ao explanarem detalhadamente o projeto, informando que  o mesmo agora inclui a construção de mais duas barragens auxiliares no município de Rio do Pires,  (Sobre o Rio da Caixa), que integrarão esse sistema, “Eliminando portanto qualquer risco dessa natureza”. Informou Rui Costa.

Mais uma vez, Dr. Júlio, argumentou sobre o que aconteceria com os irrigantes das margens do Rio Paramirim, sendo informado que também está inclusa a implantação de sistemas tubulares de irrigação modernos, com regulação de volume, tempo e até suporte em cada propriedade que porventura tenha direito, receberá a outorga d’água, para que sejam mantidas a pecuária e irrigação nos moldes tecnológicos atuais, sem desperdício. Frisando o governo, que, aquilo era uma concessão amigável com Paramirim, uma vez que, todos os organismos governamentais e ambientais já sinalizaram pela construção da adutora, independente desse benefício à criadores de Paramirim.

Dr. Júlio informou aos presentes na Câmara de Paramirim, que, infelizmente, esta é uma situação delicada no sentido de reivindicações por parte dos moradores e agropecuaristas de Paramirim que são contra a adutora, pois, muito tempo se passou desde a construção da barragem, sendo que nenhum projeto de vulto fosse elaborado e executado, à exemplo de Livramento e Dom Basílio, quando no período de conflito, o governo foi obrigado a construir uma nova barragem em Dom Basílio, reconhecendo que ali  era fonte de produção de  alimentos para toda região.

Apesar do clima de muita tensão e discussões acaloradas, das preocupações legítimas inclusive reportadas pelo jornal O Eco, mesmo tendo dúvidas sobre o futuro desse empreendimento, presume-se que, diante de possíveis contestações futuras, inclusive do ponto de vista jurídico e do direito administrativo, a ação do governo possui embasamento legal, já que, segundo os próprios técnicos do governo, o objetivo da construção desse reservatório (Barragem do Zabumbão), sempre foi o abastecimento humano e animal, não cabendo ao município qualquer poder sobre estas decisões.

Diante desse fato, com a decisão já tomada pelo governo, por entender que as pessoas dos municípios citados também merecem e tem o mesmo direito de receberem a água de uma barragem federal, construída para esta finalidade, resta unirmos força, para um verdadeiro levante ambiental, para que se unam todos os que querem  e desfrutam desse bem, também aqueles que querem desfrutar, para retratarmos com força e firmeza a real situação do lago e seus afluentes, exigirmos do governo a imediata revitalização das nascentes que estão morrendo por assoreamento, desmatamento, poluição.

É claro que o governo tem conhecimento de que não poderá enviar água poluída com os dejetos das fossas do município de Érico Cardoso, que descem in natura para a barragem, é claro que o governo sabe que por dezenas de vezes esse jornal denunciou os garimpos clandestinos que contaminam o lençol desde o Morro do Fogo, a CODEVASF também tem conhecimento de que as margens da Barragem estão sendo invadidas, loteadas, com arame farpado e cancelas, servindo para a criação de gado.

Para que não se corra o risco do desabastecimento em massa, para que se aumente a oferta de água para quem tem sede e tem direito, é necessário que se cuide, que se preserve, que garanta a proteção, antes que seja tarde demais.