Um tema que o Jornal O Eco levantou há muitos anos, um direito, o sonho de instalação do primeiro campus universitário genuinamente concebido pelos esforços, união e boa vontade de educadores, empreendedores, gestores públicos, população e estudantes do Vale do Paramirim.
Essa ideia que vem ganhando adeptos toma forma com palestras, discussões de alternativas, enfim, alguns já se dispõem a lutar por esse que será o maior investimento na educação de forma regional. Torna-se cada dia mais forte o sentimento de que é possível. Porém, diante da falta de maiores mobilizações, desinteresse de autoridades, coordenadores da educação e até da juventude estudantil, estão esfriando os ânimos da luta pela conquista da Universidade.
Talvez, os rumos dos diálogos recentes, em assembleias realizadas, onde oradores e convidados focaram tal aquisição, apenas com a intervenção total e irrestrita do governo federal ou do governo do estado, tenha colaborado para tal enfraquecimento.
Esse é um pensamento lógico se tratarmos o que diz a própria constituição em parte, apenas considerando o início do que diz o art. 205, quando afirma que é um dever do estado. Porém, o texto segue determinando, que também a sociedade e a família devem dividir tal responsabilidade: “Constituição Federal de 1988 – Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Todos os brasileiros são conhecedores desses direitos, porém, a nosso ver, não podem e nem devem atribuir toda a responsabilidade de comando, sucesso, ou fracasso ao governo. Até porque, também temos conhecimento de que vivemos nesse momento, uma crise financeira, política e administrativa, sem precedentes, a qual, não se pode prever o desenrolar, nem quando teremos uma estabilização.
Também temos consciência da situação vergonhosa em que se encontra a educação no país, bem como as universidades federais e estaduais, em seus campus já existentes, com sucateamento total, falta de verba até para a manutenção das estruturas físicas, greves e situação insustentável nas condições trabalho, salários e demais problemas crônicos, que podem inclusive fechar unidades. Isso é fato e evidentemente inviabiliza por completo a criação de novos campus.
Portanto, não serão recepções glamorosas a reitores ou vice-reitores, almoços ou banquetes, palestras vazias, aparições públicas de conhecidas figuras oportunistas, com intuitos políticos, que se transformaram em fórmulas motivadoras, capazes de reverter tais situações de penúria e trazer para o Vale do Paramirim o tão sonhado Campus Universitário.
Segundo estimativas extra-oficias, milhares de jovens estudantes moradores dos cerca de 15 municípios interessados, que todos os anos concluem o ensino médio, têm apenas duas opções a seguir: ou param de estudar por falta de condições, ou se aventuram em direção aos grandes centros em busca da graduação superior.
Nossa reportagem acredita que existem alternativas viáveis, através de parcerias entre municípios, instituições e a sociedade, que possam contemplar nossos jovens estudantes de forma legal e acessível, promovendo a instalação da primeira faculdade na região, o que seria o resultado da mobilização e do esforço da sociedade para impor novos horizontes para o nosso desenvolvimento. Após a instalação e funcionamento de cursos de interesse da região, nada impede que outros convênios possam ser firmados, como o PROUNI, FIES e demais parcerias para beneficiar os estudantes.
Observamos um esvaziamento do território, nossos jovens têm que sair daqui em busca de oportunidades. Nossa região tem um potencial incrível e uma universidade fará toda a diferença. Além dos jovens estudantes, milhares de pessoas que não tiveram oportunidade de continuarem os estudos necessitam de melhores perspectivas e o ensino superior fará isso.
Estaremos empenhados em contribuir, ouvindo especialistas da área, levando ao público as opiniões e dicas de gestores municipais e setores da sociedade, não para colocar em jogo, ou discutir a divisão, qual município teria maior potencial, qual deputado teria mais prestígio para ajudar, mas, buscar meios para a ampliação de discussões, visando a chegada da Universidade, o que alavancaria o ensino superior na Bacia do Paramirim e região.
Temos exemplos de sucesso, em que as parcerias de instituições particulares de ensino em convênios com Prefeituras geram excelentes frutos para a educação, a exemplo de Brumado, Vitória da Conquista e Guanambi.
Nosso intuito aqui é abrir o diálogo entre ONGs, Empresários, Prefeitos, Educadores, Associações e lideranças da região, em busca de uma solução, que deverá ser tomada em conjunto com esses parceiros.
Quanto à área a ser escolhida para instalação do campus, acreditamos que se levarão em consideração razões técnicas e, provavelmente, deverá ser um terreno doado para a construção de novas instalações ou um prédio em desuso, mas com possibilidade de expansão. O local escolhido tem que ser gerido pela Universidade, para respeitar suas características. Porém, até lá, ainda existe um caminho de lutas, união e muita disposição até a vitória final. Ao contrário do que alguns pregam primeiro deve-se obter meios e condições asseguradas para o funcionamento sustentável, antes de se iniciar um processo de disputa pela localização do campus.
O principal objetivo é a busca pela nossa real possibilidade de criação de um Campus Universitário e quais os passos que necessitam de encaminhamentos a curto e médio prazos. Primeiramente, existe a necessidade urgente dos municípios que representam o Vale do Paramirim, deixar o individualismo e buscar um objetivo único que é o Campus Universitário, ou trabalhamos agora unidos pra isso ou não teremos uma Universidade.