Pela primeira vez, após longos anos de vigília e preocupação em proteger as espécies, desde as nascentes, lagoas, barragem do Zabumbão e Rio Paramirim, no período do defeso, zelando pela preservação ambiental, também nessa área, o Jornal O Eco, não mais encabeçará a campanha de proibição da pesca no período da piracema.
Entendendo que apesar de não ser nosso papel, nessa época, mobilizávamos autoridades, órgãos fiscalizadores, clamávamos por apoio do poder público municipal, tanto de Paramirim, como de Érico Cardoso, convocávamos pescadores conscientes, instalávamos em pontos estratégicos, as placas contendo avisos sobre os crimes que incorre quem desobedece a Portaria do IBAMA, pedíamos ajuda direta das Polícias Militar e Civil para rondas nesses locais, ao Secretário do Ministério Público local, na pessoa do amigo Alex, enfim, todo um trabalho voluntário, que infelizmente, vem sendo confundido, desrespeitado e criticado por aqueles que nunca tiveram a sensibilidade e muito menos iniciativa de colaborar com esta e outras causas em defesa do meio ambiente.
Porém, o motivo maior do nosso afastamento, é o descaso, a situação de inércia das atividades de fiscalização dos representantes da CODEVASF, IBAMA e demais órgãos. Esperamos que encerrando a nossa participação, mesmo carregando muita tristeza e decepção, em presenciar uma situação crítica de depredação, entendemos que, nesse momento, devemos nos recolher ao verdadeiro papel de imprensa ativa, fiscalizadora, denunciando práticas abusivas, na esperança de que, as "autoridades responsáveis”, que observam de seus escritórios refrigerados tamanha degradação, se levantem e cumpram com a obrigação de defender o que ainda resta.
Não somente em relação ao período de piracema, como também às dezenas de crimes ambientais já denunciados, como: garimpos clandestinos destruindo as serras do Morro do Fogo, contaminando e matando as nascentes, desmatamentos, total descaso com o lago da Barragem, que atualmente serve até como lavador de automóveis e motocicletas, enfim, uma degradação ambiental nunca antes vista, atos criminosos, previstos em Lei, que permanecem impunes, entristecendo o sertanejo que assiste a tudo sem ter a quem recorrer.
As alegações de tais diretores de órgãos, além de ridículas, beiram o sarcasmo: "Não temos estrutura adequada para trabalhar, faltam equipamentos básicos e apoio do governo. Nossa carreira está envelhecida, nossos servidores estão desmotivados", justificam em sua defesa.
A verdade é que, todos têm consciência dos graves danos ambientais na Bacia do Paramirim e Chapada, denuncias não faltam. Em cada edição impressa do Jornal O Eco ou no nosso portal de notícias na internet. O que ocorre é que os processos simplesmente não andam. Nós vamos ao estabelecimento, apresentamos local e tipo de infração e não há encaminhamento.
É decepcionante por demais, não somente para nós que empunhamos essa bandeira, mas, vergonhoso para diretores de órgãos fiscalisadores. Temos consciência e todos são testemunha de que, apesar de ser o Jornal uma empresa privada, desde a sua fundação, trabalhamos forte para cumprir com nossa responsabilidade social, defendendo o cidadão, pela melhoria da saúde, do meio ambiente, defendendo direitos e o bem estar da população, mas não temos o devido reconhecimento.
Queremos acreditar, que mesmo diante de tantos problemas, esse nosso recuo, provoque ao menos uma reflexão, que possa culminar em reuniões, audiências públicas, pela salvação do nosso meio ambiente. O povo foi às ruas incentivadas por acreditarem defender o Rio, as águas de consumo, porém, nenhuma voz se levantou na audiência, pedindo o reflorestamento, o suporte na proibição da pesca predatória, a ação de polícia para o fechamento de garimpos e pedreiras que destroem não somente as nascentes como as nossas florestas.
Finalmente, de público, deixamos um último apelo: “É urgente e necessária uma ação conjunta, é essencial o trabalho de parceria, especialmente na fiscalização dos recursos naturais que estão sendo dizimados. Esta não será uma missão fácil nem simples, porém, será uma cruzada pela vida, pela sobrevivência desse ecossistema, para que um dia, nossos netos, possam se orgulhar das nossas ações altruístas praticadas hoje".