Bolsa Família é uma pequena coisa que faz muita diferença, diz Levy
 
Em tempos de corte de gastos e busca frenética por novas receitas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez um afago no principal programa social do governo federal. Para Levy, a despesa com o Bolsa Família é "pequena" e "faz muita diferença". 
 
O elogio a uma das ações mais importantes para o Palácio do Planalto e para o PT acontece em um momento em que o partido da presidente Dilma Rousseff ameniza críticas ao ministro. Levy nega que tenha mudado de discurso. "Eu não mudei, continuo (falando) a mesma coisa."
 
"Nós temos de ser muito claros sobre o Bolsa Família. É uma coisa que não custa muito dinheiro. Aumentou um pouco mais nos últimos anos, mas mesmo agora é 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB)", disse Levy durante painel especial em evento sobre cooperação atlântica realizado no Marrocos. 
 
O argumento do ministro é que o gasto é pequeno se comparado ao efeito positivo gerado por esse dinheiro na economia.
 
 
Questionado por uma pessoa da plateia sobre o futuro do programa social, o ministro disse que o Bolsa Família "traz milhões de pessoas para um diferente passo na vida" e que permite que os beneficiários "participem da economia de mercado, especialmente no interior".
 
"É extremamente valioso. É pequena coisa que faz grande diferença. No geral, esse custo não é um problema", disse. O ministro reconhece que é preciso apenas monitorar esse gasto. Ele diz que outras despesas, como a aposentadoria rural, podem gerar economia muito maior ao governo. O ajuste fiscal que tem corte de gastos e aumento de impostos para arrumar as contas públicas voltou a ser defendido por Levy. 
 
O ministro reconhece que a fórmula pode ser "muito desagradável" pelo aumento de tributos, mas lembra que outros Países, como o Reino Unido, adotaram receituário idêntico em momentos de crise. "Temos de consertar nosso fiscal. Esse é o primeiro e essencial passo", disse.
 
Durante painel especial que recebeu o ministro brasileiro como convidado especial, Levy voltou a defender a arrumação das contas públicas com o corte de gastos e o aumento da arrecadação.
"Temos de melhorar a perspectiva fiscal no longo prazo e criar novos impostos. É muito desagradável, mas é o que outros Países fizeram", disse, ao lembrar que o governo inglês aumentou o imposto sobre consumo para reagir à crise. 
 
"E é isso que estamos fazendo, ao mesmo tempo em que estamos tentando vender ativos". Parte desse processo de mudanças das contas públicas, lembrou, precisa passar pelo Congresso. "O Brasil é uma democracia e, às vezes, você tem de convencer o Congresso.
 
Nesse trabalho, eu percebi que nem todo mundo no Congresso pensa em economia todo dia e a toda hora", disse.
 
O ministro também defendeu que o crédito à agricultura é um dos elementos que explicam o sucesso do Brasil no agronegócio nos últimos anos. Em debate sobre a economia verde no Marrocos, o ministro que tenta executar um profundo ajuste fiscal reconheceu que o crédito agrícola "às vezes é caro (para os cofres públicos), mas é necessário".  
 
A perspectiva de flexibilização das regras de exploração do pré-sal foi reconhecida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A regra que prevê presença obrigatória da Petrobras pode ser alterada para dar mais "liberdade", afirmou o ministro.
 
"Nós podemos rever isso, podemos dar mais liberdade para isso", disse ao ser questionado sobre a presença obrigatória Petrobras nos campos de petróleo. Em evento sobre a colaboração atlântica realizada no Marrocos, Levy ressaltou que as grandes petroleiras internacionais já estão nos campos brasileiros de exploração do pré-sal, mas que, mesmo assim, o tema pode ser alvo de eventual "adaptação". 
 
Levy também elogiou o trabalho da nova direção da Petrobras e o plano de venda de alguns ativos. "Eles estão fazendo a coisa certa e estão focando no negócio principal", disse, ao dar como exemplo a venda de gasodutos pela estatal. "Com isso, você pode atrair mais empresas para investir", disse.