A determinação da Justiça em mandar prender o marketeiro João Santana Filho não causou surpresa no meio politico, nem no Congresso; nem aqui na Bahia, na Assembleia Legislativa. Deputados com quem conversamos nesta segunda-feira, 22, disseram que era uma questão de tempo dado o envolvimento do jornalista com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, os quais fez suas campanhas politicas para o rádio e a TV, com financiamentos considerados ilegais ou suspeitos. 
 
Há também o consenso, pelo menos preliminar, de que Santana e sua mulher Mônica, não deverão ficar muito tempo na cadeia. Salvo, óbvio se existirem provas contundentes contra ambos e aí suas situações ficarão complicadas. O entendimento é de que o caso Santana/Mônica se parece bastante com o que envolveu Duda Mendonça, salvo melhor juizo.
 
Ontem já houve uma determinação judicial de bloquear R$50 milhões das contas do casal, sendo R$25 milhões de João; e R$25 milhões de Mônica. A fotruna do casal é imensa, pelo exposto. E, suspeita-se, de sonegação por parte de ambos em abrir empresas 'offshore' no exterior sem passar pela Receita Federal e de ganhos de empresários envolvidos com a Lava Jato.
 
Santana já havia se manifestado na semana passada que desejava depor logo na PF e estava pronto para isso, segundo nota dos seus advogados sobre petição encaminhada a PF. (Veja na editoria de Politica, dia 19/02). 
 
Fica-se a dúvida se o casal já tinha a premonição de que poderia ser preso daí tentar antecipar o depoimento, uma vez que o juiz havia negado acesso ao processo para seus advogados conhecessem o teor das denúncias, ou se queria livrar-se dessa questão o mais rápido possível. O certo é que, agora, o casal vai depor na condição de presos e é claro que toda a operação da chegada de Santana/Mônica da República Dominicana, onde fazem uma campanha politica, terá uma ampla cobertura da imprensa.
 
Em Salvador, onde o casal tem residência no Corredor da Vitória e casa de veraneio em Interlagos, Camaçari, ambos os locais foram investigados pela PF, e o que mais se falou foi o nome da operação, batizada de acarajé, o principal produto dos tabuleiros das baianas. O que teve de memes e gozações as pessoas perguntando umas as outras se queriam comer um acarajé, se o acarajé passou em seu escritório, não está no gibi.
 
 
Outro desdobramento dessa fase da Operação Lava Jato dá conta de que relatório da Polícia Federal diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser investigado, “com parcimônia”, pelo “possível envolvimento em práticas criminosas. O documento, revelado durante a 23ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta segunda-feira, coloca sob suspeita o financiamento de obras do Instituto Lula feita pela Odebrecht.
 
No entendimento da PF, cerca de R$ 12,4 milhões foram gastos na obra. Ao analisar documentos apreendidos na empreiteira, a polícia identificou a sigla IL como Instituto Lula. E diz: “Em relação à anotação “Prédio (IL)” e ao valor a ela referido de R$ 12.422.000,00 – a composição desse valor foi feito da seguinte maneira: três vezes o valor de R$ 1.057.000,00 (3.171.000,00), acrescidos dos valores de R$ 8.217.000,00 e 1.034.000,00 –, a Equipe de Análise consignou ser possível que tal rubrica faça referência ao Instituto Lula”.
 
Ainda segundo o relatório, a Odebrecht teria ainda arcado com custos de outras propriedades pertencentes ao ex-presidente: “Assim, caso a rubrica “Prédio (IL)” refira-se ao Instituto Lula, a conclusão de maior plausibilidade seria a de que o Grupo Odebrecht arcou com os custos de construção da sede da referida entidade e/ou de outras propriedades pertencentes a Luiz Inácio Lula da Silva”.
 
 
Em nota, o Instituto Lula refuta as acusações: “O Instituto Lula (IL) foi fundado em agosto de 2011, na mesma casa onde antes funcionava o Instituto Cidadania, ao qual sucedeu, e antes desse o IPET (Instituto de Estudos e Pesquisas dos Trabalhadores). A sede fica em um sobrado adquirido em 1991. Em 2010, ano indicado na planilha, o Instituto Lula não existia ainda. Tanto o Instituto Lula quanto o Instituto Cidadania não construíram nenhum prédio”.
 
Pelo exposto, a Operação Acarajé está só começando e a PF faltou adjetivar o acarajé que, ao que tudo indica, está repleto de pimenta malagueta.