Aconteceu em Paramirim nesta quarta-feira, 02 de agosto, mais uma consulta pública, com o objetivo inicial de alinhamento junto à sociedade, quanto à postura dos órgãos e entidades na utilização dos recursos hídricos, discutindo-se providências, ações de prevenção, proteção das nascentes, inibição da poluição de rios e lagos, enfim, organizado por um Consórcio que envolve o Governo do Estado, o Instituto do Meio Ambiente INEMA, Comitês de Bacias e até empresas de engenharia, consultoria e planejamento, que na teoria estão executando "Importante trabalho” de escuta às comunidades visando a projeção de metas do Plano de recursos Hídricos dos Rios Paramirim e Santo Onofre, afluentes da margem direita do Rio São Francisco.
Apesar de existirem pessoas realmente preocupadas com a situação caótica que se encontra as fontes de recursos hídricos da região, à exemplo do engenheiro Anselmo Caires, que luta pela sua preservação, mais uma vez o que se presenciou nessa consulta pública, foram discussões teoricamente pertinentes no sentido de se enfrentar essas questões, porém faz-se necessário que as ações ora discutidas sejam colocadas em prática o mais breve possível sob pena de um colapso hídrico anunciado e denunciado diversas vezes por esse veículo de comunicação.
Em verdade, no encontro foi apresentado um plano de ações, iniciativas a serem adotadas para os próximos decênios. Com o objetivo de curar fontes doentes que agonizam. Na oportunidade se explicou o que é um plano de bacia, apresentou-se o planejamento das ações previstas e ouviu-se sugestões e observações do público presente. Infelizmente, uma ilusão diante da atual realidade de desertificação, desrespeito, abandono, crise hídrica nunca antes vista. A Barragem do Zabumbão agoniza, está sangrando dia e noite sob os olhares frios e insensíveis dos "donos da água". Hoje com pouco mais de 30% da sua capacidade de armazenamento, recebendo esgotos in natura, poluição dos resíduos de garimpos, enfim, um reservatório com capacidade de armazenamento de 60 milhões de metros cúbicos, dominado por coronéis que, além de ignorarem a situação de seca, escassez e esvaziamento do lago, ainda se dão ao luxo de desviarem água potável para uma lagoa que recebe todos os esgotos da cidade de Paramirim, para que a mesma não exale mau cheiro. Fechando os olhos para todos os problemas hídricos, incluindo a necessidade de milhares de pessoas nos demais municípios, que enfrentam total escassez de água.
Parece sensacionalismo! De fato inacreditável! ÁGUA É VIDA, água é elemento vital, isso é fato em todos os cantos do mundo, diferentes mitologias, religiões, povos e culturas, em todas as épocas.
É de origem social o comportamento humano que agrava os efeitos da escassez pelo desmatamento, pela ocupação das várzeas dos rios, assoreamento e matança das nascentes com garimpagem e extração ilegal, pelo lançamento de esgoto não-tratado nos rios, pelo desperdício da água disponível. É também de origem social a atitude política deficitária, ou a politicagem diante da questão, na qual pode prevalecer ótica enviesada.
Efetivamente, a crise da água no Brasil, especialmente na região Nordeste, resulta da intervenção altamente predatória neste espaço, levando ao efeito perverso de aplicar, a um fenômeno marcadamente estrutural, políticas seladas pela visão conjuntural que induzem ao cultivo do problema.
Ao mesmo tempo em que se debruça sobre projetos para proteção ambiental, a ANA (Agência Nacional de Águas), no mesmo dia do evento em questão, autorizou a abertura da válvula da comporta da Barragem do Zabumbão para aumentar o volume que corre pelo leito do Rio Paramirim a jusante da Barragem. A previsão é que solte cerca de 1hm3 (um milhão de metros cúbicos de água). Segundo informações, o esperado é que a água chegue até a comunidade de Feira Nova no município de Caturama. A abertura está programada para os próximos dias. Acontece que não se sabe com certeza se essa água chegará aos que dela necessitam, pois muitos dos que sempre se fazem presentes em palestras pela preservação, são proprietários de latifúndios ribeirinhos, que sugam de imediato a água liberada, para suas lavouras de capim, alimento de gado de corte.
Nossa reportagem teve acesso e busca apurar as informações de que a recusa do atual gestor do município de Paramirim, em figurar na mesa diretora que abriu a consulta pública, se deu por mero capricho pessoal, por não aceitar dividir os holofotes ou atenção dos presentes, com supostos desafetos. Existem boatos de que tal atitude egoísta e deselegante da “autoridade municipal” para com os presentes, confirma a postura arrogante, a mesma que adota há anos, posição com a qual no mesmo dia da reunião, fez circular um carro de som por toda a cidade, anunciando que seria do atual prefeito, os créditos pela aquisição de um sistema de eletrificação das margens do rio, quando na verdade tal benefício foi um compromisso do Governo do Estado, firmado em outra oportunidade quando garantiu também a construção das barragens do Rio da Caixa e Remédios, além da aquisição de kits de irrigação por aspersão que seriam fornecidos aos irrigantes.