Novamente o egoísmo de alguns, aliado à total descaso de órgãos do governo e principalmente a falta de consciência ambiental, provocam danos quase que irreparáveis à Barragem do Zabumbão e consequentemente, preocupação e temor a milhares de famílias do Vale do Paramirim, que dependem desses recursos hídricos. Ressalta-se inicialmente que, o reservatório em questão, foi construído pelo Governo Federal com os objetivos prioritários de abastecimento humano e dessedentação animal. Com capacidade para armazenar 74 milhões de metros cúbicos, o lago se encontra mais uma vez, quase no seu nível de alerta.
A sociedade regional tem acompanhado há anos, diversas reportagens sobre esse tema polêmico. Os descasos, a falta de fiscalização, decisões totalmente equivocadas de “entendidos” que além de provocar desastres, complicou a situação do lago.
O leitor acompanhou notícias que dão conta da existência de contaminação de rios e nascentes, a presença de garimpos clandestinos que seguem operando livremente, descarga in natura de esgotos domésticos, invasões das áreas de proteção para criação de gado e a famigerada disputa pela água protagonizada por proprietários que se imaginam no tempo dos coronéis. Esses são os principais responsáveis pelo desperdício com um sistema arcaico de irrigação.
Após a catástrofe ocorrida por irresponsabilidade de quem controla as comportas, episódio lamentável que praticamente destruiu todo o balneário turístico da cidade de Paramirim, tendo repercutido em todo o estado através dos maiores veículos de comunicação, dando conta de evidentes falhas na operação da comporta ao liberar equivocadamente, de forma descontrolada mais de um milhão de metros cúbicos de água, causando uma inundação que arrastou tudo rio abaixo sob o pretexto de atender comunidades ribeirinhas, a preocupação das comunidades se acentuou.
Tanto pelo despreparo de quem deveria ter capacidade para gerir, como pela elevada vazão que contribuiu para a atual situação e risco de colapso no abastecimento dos municípios de Paramirim, Caturama, Tanque Novo e Botuporã, além de diversas comunidades dos municípios circunvizinhos que são atendidas pelo programa de carros pipas coordenado pelo exército brasileiro.
Mais uma vez, se reúnem os “interessados” nem tanto com a situação de uma bacia que adoece e agoniza, mas, para discutirem como devem utilizar os escassos recursos hídricos em benefício próprio. Intelectualóides com os já batidos discursos, representantes de órgãos que até aqui nada fizeram de concreto pela preservação, prova disso é a situação de penúria do Zabumbão. Por aqui aconteceu há pouco tempo, um mutirão da FPI Fiscalização Preventiva Integrada, porém, até o momento, os moradores não observam ações de proteção, revitalização, retirada dos esgotos, isolamento da área de preservação. Enfim, de um lado o governo que imagina levar água para quem tem sede e de outro os donos da água preocupados em sugar cada vez mais um recurso finito.
Nossas nascentes estão morrendo! Os garimpos clandestinos, pedreiras, poluição, invasão das margens para criação de gado, falta de projetos de revitalização, falta de ações eficazes estão condenando as nossas reservas e alguns coronéis locais preocupados com a concessão de mais outorgas, gente se mobilizando para eletrificar os regos d’água, nada se percebe de verdade sobre planos de revitalização. Incrível é constatar que até a rodovia Paramirim/Caturama está sendo perfurada em diversos pontos, para levarem a água do rio ao outro lado. Queremos acreditar que as autoridades irão fazer algo antes que a Barragem seque, antes que seja tarde.