Uma série de três reportagens publicadas neste domingo (9) pelo The Intercept Brasil expõe conversas do ex-juiz federal Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallagnol que mostram atuação conjunta dos dois para impedir vitória eleitoral de Fernando Haddad, antecipar a prisão de Lula e até mesmo apresentar provas consideradas inconsistentes.

Material obtido com exclusividade pelo The Intercept, cerca de um mês antes de vazamento de hacker que teve acesso ao telefone do atual ministro da Justiça, aponta que a força-tarefa da Lava Jato atuou no caso Lula motivado por questões políticas. Nos áudios fica evidente colaboração inconstitucional entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador do Ministério Público Deltan Dallagnol.

As reportagens destacam que os procuradores não são atores apartidários e apolíticos e atuaram por convicções ideológicas e preocupados em evitar o retorno do PT ao poder. A série também aponta que Moro buscou inverter as fases da Lava Jato para favorecer a condenação de Lula.

Outro ponto destacado é a própria descrença da força tarefa nas acusações feitas contra o ex-presidente, escancarando uma manobra jurídico-política.

 

‘Processos estão corrompidos’, diz defesa de Lula após vazamento de chat

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma nota na noite deste domingo (9.jun.2019) comentando a reportagem do The Intercept que revela uma troca de mensagens entre o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol. No documento, o advogado Cristiano Zanin afirma que “os processos contra o ex-presidente Lula estão corrompidos pelo que há de mais grave em termos de violações a garantias fundamentais e à negativa de direitos” e pede liberdade para seu cliente.

Cristiano Zanin – advogado de Lula

As mensagens mostram que Moro direcionava Dallagnol na operação Lava Jato. Lula foi condenado pelo então juiz federal, no âmbito da operação, em caso que envolve 1 tríplex no Guarujá (SP). O ex-presidente está preso desde abril do ano passado na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba.

Leia a íntegra da nota:

“Em diversos recursos e em comunicado formalizado perante o Comitê de Direitos Humanos da ONU em julho de 2016 demonstramos, com inúmeras provas, que na Operação Lava Jato houve uma atuação combinada entre os procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro com o objetivo pré-estabelecido e com clara motivação política, de processar, condenar e retirar a liberdade do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem publicada hoje (09/06/2019) pelo portal ‘The Intercept’ revela detalhes dessa trama que foi afirmada em todas as peças que subscrevemos na condição de advogados de Lula a partir dos elementos que coletamos nos inquéritos, nos processos e na conduta extraprocessual dos procuradores da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro.

A atuação ajustada dos procuradores e do ex-juiz da causa, com objetivos políticos, sujeitou Lula e sua família às mais diversas arbitrariedades. A esse cenário devem ser somadas diversas outras grosseiras ilegalidades, como a interceptação do principal ramal do nosso escritório de advocacia para que fosse acompanhada em tempo real a estratégia da defesa de Lula, além da prática de outros atos de intimidação e com o claro objetivo de inviabilizar a defesa do ex-Presidente.

Ninguém pode ter dúvida de que os processos contra o ex-Presidente Lula estão corrompidos pelo que há de mais grave em termos de violações a garantias fundamentais e à negativa de direitos. O restabelecimento da liberdade plena de Lula é urgente, assim como o reconhecimento mais pleno e cabal de que ele não praticou qualquer crime e que é vítima de ‘lawfare’, que é a manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.