Gestão municipal demonstra irresponsabilidade com as normas de prevenção, permitindo o retorno das atividades de empresa e já registra maior número de contaminados na região.
Segundo fontes da própria prefeitura, de acordo com o boletim epidemiológico do último dia 28, o município de Oliveira dos Brejinhos possuía nada menos do que 13 casos confirmados para COVID-19 e mais 47 casos notificados como suspeitos aguardando resultado de exames laboratoriais, sendo que de 269 pessoas que foram submetidas a testes rápidos, 11 apontaram positivo para a doença, além de 163 pessoas que estão em monitoramento por serem provenientes de regiões com transmissão comunitária ou apresentam sintomas gripais. Segundo as nossas fontes, a maior preocupação dos moradores é de que, com a reabertura dos trabalhos de uma empresa de energia solar, que trouxe de volta dezenas de funcionários de outras regiões do Brasil, o município possa entrar em colapso com elevado número de contaminação, quando não possui qualquer estrutura para lidar com a situação.
Canteiro de Obras – Foto Reprodução
Não é mais novidade para toda a região que a atual gestão municipal de Oliveira dos Brejinhos é um exemplo desastroso de postura administrativa. Nossa reportagem já mostrou por diversas vezes, situações críticas pelas quais passam a população da sede e das comunidades rurais. Desde o descaso com a limpeza urbana, a cidade com ruas mal cuidadas, coleta de lixo deficitária, toda a aflição de famílias com as medidas equivocadas no abastecimento de água, havendo inclusive diversas denúncias ao Ministério Público e demais órgãos fiscalizadores sobre o assunto. Abordamos também antes da pandemia a problemática das escolas, transportes, frota sucateada, postos de saúde abandonados, tomados pelo mato, enfim, uma das piores gestões da história do município, que reflete o caos em áreas essenciais. Recebemos recentemente fotos de mutirões realizados pelas próprias comunidades para a limpeza de vias, recolhimento de lixo e recuperação de estradas.
Ao centro o Prefeito Carlito de Libório – Foto Reprodução redes sociais
Ainda de acordo com as fontes que preferem o anonimato, o mais grave de tudo isso, é a persistência nos equívocos, o autoritarismo do prefeito e assessores, que ignoram centenas de manifestações de moradores nas redes sociais e nas ruas. Interrompendo o diálogo com setores representativos, ignorando pedidos de providências da Câmara Municipal que se preocupa com o que pode acontecer de pior no município. O resultado de uma gestão atrapalhada, que segundo fontes idôneas é acusada inclusive de nepotismo, com o cunhado do prefeito na pasta da Saúde, pasta esta que apesar de ter mudado por três vezes o seu titular, não consegue apresentar resultados positivos. O fato é que, Oliveira dos Brejinhos figura hoje como líder em casos confirmados de COVID-19 no Vale do Paramirim. Há relatos que devem ser apurados inclusive pelo Ministério Público, de que o interesse em manter funcionando a empresa que amplia os riscos de contágio, não é somente gerar emprego e renda para o município, mas, também para beneficiar gente próxima da gestão, no fornecimento de alimentação e transporte.
Boletim informativo do Consórcio da Bacia do Paramirim
Em relato que transcrevemos a seguir, um morador que não deseja se identificar afirma que “o prefeito baixou decretos, proibindo o comércio local de abrir as portas, inclusive lanchonetes e restaurantes. Veja se não há algo estranho, enquanto os pequenos comerciantes são obrigados a manterem fechados seus estabelecimentos, gente ligada ao gestor, que, por sinal, nada tinha a ver com ramo alimentício, passou a fornecer cerca de 400 marmitas diárias para esta empresa que atua ilegalmente em tempos de pandemia, pois não está inclusa em atividades de serviços essenciais e teve funcionários testados positivo para COVID-19. Eu acredito que, mesmo se fosse permitido o funcionamento da firma, que teve até liminar negada pela justiça e segue ativa, os comerciantes locais, do ramo de alimentação, é que deveriam ter a oportunidade de fornecerem alimentos para centenas de empregados dessa empresa e não donos de loja de roupa que de repente se tornaram fornecedores de marmita, pecuarista e político se tornando empresário de transporte coletivo para atender as demandas dessa firma, que nesse momento representa ameaça de contágio para nosso município. O temor é ainda maior nas comunidades onde esses funcionários de fora estão hospedados”. Desabafou indignado o morador.
Boletim informativo da Secretaria de Saúde do dia 28 de maio
Mais uma vez, nossa reportagem tentou contato com o prefeito para que apresentasse a sua versão dos fatos, esclarecendo as denúncias, porém não obtivemos êxito, também procuramos entrar em contato com a empresa citada pelos moradores como uma das responsáveis por atrair pessoas de diversas regiões para o seu canteiro de obras, inclusive gente oriunda de regiões com histórico de transmissão comunitária do vírus. Tentamos contato com autoridades citadas, com o vereador e irmão do prefeito, com o cunhado do prefeito que é titular da pasta da saúde, porém, até o fechamento desta matéria não conseguimos êxito. Primando pelo jornalismo independente e imparcial, apresentamos os fatos, ao tempo em que deixamos aberto o espaço para querendo, os citados apresentem seus argumentos quanto à situação narrada.
Canteiro de Obras – Foto Reprodução
Ainda de acordo com as fontes do jornal O Eco, “o que soa mais estranho é o fato de ter o prefeito através de decreto, suspendido as atividades da empresa citada, que por sua vez já havia dispensado seus funcionários, enviando-os de volta aos seus municípios de origem. Para surpresa de todos, exatamente no período mais crítico da pandemia, a gestão municipal relaxa e permite a retomada das obras e consequentemente o retorno de muita gente para o município de Oliveira dos Brejinhos. Coincidência ou não, os casos de contaminação se elevam, colocando a população que busca cumprir o isolamento social, em situação de exposição e apavorada com a possibilidade de Brejinhos se tornar o maior epicentro da doença, como ocorre com o município de Urandi que já supera 65 casos de COVId-19”. Imaginemos tudo isso ocorrendo em um município que, segundo fontes, até as ambulâncias que serviam as comunidades de Bom Sossego, Beira Rio, Ipuçaba, Queimada Nova, Flora e Arraial, foram recolhidas.
Mutirões de limpeza – Foto Reprodução
Há alguns dias o atual prefeito de Ibotirama, preocupado com a situação em Oliveira dos Brejinhos, publicou um vídeo, alertando a população para os riscos de contágio diante do grande fluxo de pessoas circulando nos canteiros de obras e nas localidades. A reação de autoridades e secretários em Oliveira dos brejinhos, foi de indignação e desprezo, alegando que Brejinhos não necessitava de ajuda para lidar com esses problemas. Hoje, caso não haja uma mudança de postura, já existe intenção dos vereadores da bancada de oposição em solicitar a interferência direta da SESAB e até do próprio governador Rui Costa, que tem se mostrado um ferrenho defensor do isolamento social como remédio eficaz contra o coronavírus e de posicionamentos firmes em defesa da vida.
Caminhão recolhendo lixo – Foto Reprodução
Investigando os fatos, nossa reportagem se deparou com situações no mínimo intrigantes, pois, de acordo com os canais oficiais, no dia 07 de maio de 2020, através do Decreto 60/2020, o prefeito suspende as atividades do Canteiro de obras da empresa ICKS Brasil Construção Ltda pelo prazo de 30 dias, justificando a ação como medida de prevenção ao contágio e enfrentamento ao coronavírus. Por sua vez, a empresa ingressa com um mandato de segurança com pedido de liminar para continuar funcionando (Processo Número: 8000184-34.2020.8.05.0184 – Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL – Órgão julgador: 1ª V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE OLIVEIRA DOS BREJINHOS), que no dia 19 de maio de 2020, foi negado pelo Juiz de Direito Hosser Michelangelo Silva Araújo. O chocante é que, dois dias depois, em 21 de maio, o prefeito revoga o Decreto 60/2020 que suspendia as atividades da empresa citada, para autorizar através de decreto 63/2020, a volta das atividades normais do canteiro de obras, alegando recomendação de pessoas “capacitadas” do Comitê de enfrentamento da COVID-19 no município. E pasmem! No art. 2º do referido decreto que permite o funcionamento, está registrado que a própria empresa se responsabilize pelo monitoramento dos seus funcionários, inclusive os que estão em isolamento na condição de PORTADORES da COVID-19.
Cumprindo com a nossa missão de alertar para iminentes riscos aos quais a população regional estiver exposta, concluímos nossa reportagem detalhando a situação preocupante em Oliveira dos Brejinhos, para que o Ministério Público Estadual, que inclusive já recebeu ofícios com reclamações formais dos vereadores que compõem a bancada de oposição no município, tome as medidas necessárias no sentido de apuração in loco dos fatos aqui narrados, cujos documentos citados são públicos e estão à disposição de todos nos sites oficiais da Câmara Municipal e da Prefeitura. Temos plena convicção de que o clamor da população será atendido pelos órgãos competentes, sendo resguardado o direito à vida daqueles que nesse momento se esforçam para cumprirem as normas, ficando em casa.