Saiba tudo sobre esse projeto divulgado pelo Ministério da Saúde neste sábado (27), anunciando que, 100 milhões de doses serão feitas no país

Neste sábado, o Ministério da Saúde anunciou que o Brasil vai produzir até 100 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 em parceria com a Universidade de Oxford, com investimento de US$ 127 milhões (cerca de R$ 693,4 milhões).

Segundo o governo, as doses só serão ministradas após a finalização dos estudos clínicos e a comprovação de sua eficácia.

Abaixo, leia perguntas e respostas com o que se sabe sobre a vacina.

As informações são de Sue Ann Costa Clemens, diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena e pesquisadora brasileira especialista em doenças infecciosas e prevenção por vacinas e responsável pela articulação para trazer os testes ao Brasil, e de Claudio Ferraz, do médico diretor de comunicação do Instituto D’or de Pesquisa e Ensino (Idor) e do Ministério da Saúde.

A pesquisa para a vacina está em qual estágio?

Na fase de testes clínicos, que é a última etapa. Antes disso, ela já foi testada em animais e em pequenos grupos de humanos. Até agora, nove mil pessoas já receberam doses e a pesquisa já indica que ela é segura. Só falta constatar sua eficiência, que será testada em 50 mil pessoas em diferentes países, entre eles o Brasil.



Ela é composta com o próprio vírus da Covid-19?

Não. A vacina é feita por um fragmento de proteína do vírus, o Sars-CoV-2, junto de um outro vírus (adenovírus) que, além de ser inócuo ao humano, é inativado. O RNA do coronavírus – que é capaz de se reproduzir no corpo humano e, assim, causar a doença – não é injetado no corpo humano.

Como funciona?

O adenovírus é “equipado” com uma proteína do coronavírus e injetado no humano. O sistema imunológico, então, produzirá anticorpos para combater essa proteína do coronavírus. Assim, quando o causador da Covid-19 infectar a pessoa, o corpo dela já vai reconhecer a proteína e ter as defesas necessárias.



Como Oxford chegou a essa fórmula?

Ela já utilizava essa tática para buscar vacinas contra a Mers, doença respiratória causada por outro coronavírus, e o ebola. Essas vacinas ainda estão em fase de desenvolvimento. Por conta da urgência da pandemia de Covid-19, ficaram em segundo plano.

Quando ficará pronta?

Os estudos clínicos, que podem levar pelo menos um ano, estão começando no Brasil. No Reino Unido, já acontecem há um mês e meio. A expectativa dos pesquisadores é ter o resultado da sua eficiência entre outubro e novembro. Com essa confirmação, seus primeiros lotes seriam disponibilizados em dezembro e janeiro.



O Brasil terá doses para todo mundo?

O primeiro plano do Ministério da Saúde é imunizar100 milhões de pessoas. Elas serão destinadas para idosos, pessoas com comorbidades, profissionais de saúde, professores, indígenas, pessoas em privação de liberdade, adultos e adolescentes em medida socioeducativa, profissionais de segurança pública e motoristas de transporte público.

A vacina custará caro ao governo brasileiro?

Ela custa US$ 2,30 por dose. Outras vacinas, como a da influenza, chegam a custar US$ 10.

Há contra-indicações ou efeitos colaterais?

10% das pessoas poderão apresentar um quadro gripal, com febre de leve a moderada, por no máximo dois dias.

Qual o tempo de imunização?

Baseado em vacinas similares, como a que está sendo desenvolvida para Mers, o tempo de imunização é de aproximadamente um ano.

Há outras vacinas em testes?

Ha mais de 200 tentativas. A Organização Mundial da Saúde declarou nesta semana que a mais avançada é a da Universidade de Oxford que será produzida no Brasil. Não muito atrás estão as pesquisas da farmacêutica Moderna e da chinesa Sinovac, que também deverá começar a ser testada no Brasil em julho, depois de a companhia fechar acordo com o Instituto Butantan, ligado ao governo do Estado de São Paulo.

Quem está desenvolvendo a vacina?

A Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, os testes clínicos estão sendo conduzidos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pelo Instituto D’or de Pesquisa e Ensino (Idor) e pelo Grupo Fleury.