Nenhum dos 21 mil habitantes do município de Boquira, na Bacia do Paramirim, sabe o que é abrir a torneira de suas casas e ser contemplado com água. Lá, a escassez já se incorporou à rotina dos moradores. Outras cidades do território, como Ibipitanga (15 mil moradores), também sofrem com o problema.
Em Boquira, consideram-se privilegiados aqueles que recebem água em suas casas durante algumas poucas horas, geralmente no início da manhã. Nesses horários de abundância, os moradores aproveitam para encher quantos baldes for possível, na incerteza de quando terão a chance novamente. “Cada bairro tem um horário para chegar a água. Aqui vem às 6h, mas até agora (9h) não chegou”, queixa-se Cláudia Vieira Almeida, 54 anos. Pior é a situação de quem precisa buscar água fora de casa porque p líquido não chega à sua residência. Espalhadas pelas ruas de paralelepípedo, existem tubulações que contemplam esses moradores. Muitos se aglomeram com seus baldes em longas filas,desde as 4h da madrugada. “Faz 20 dias que não tem uma gota em minha casa. Pagamos todo mês R$ 4,50 à Embasa, correspondente à nossa conta, mas cadê?”, ironiza Leandro dos Santos, 68 anos.