Apesar de contar com o AVANTE como “aliado” a realidade é que muitos prefeitos eleitos pelo segundo maior partido, não estão nada satisfeitos com a  postura do grupo liderado pelo Governador.

Com a vitória, mesmo que magra de Luiz Caetano em Camaçari, no 2º turno neste domingo (27), o Partido dos Trabalhadores (PT) amplia para 51 as cidades onde elegeu prefeitos da sigla entre os 417 municípios da Bahia. Figurando em 3º lugar, o partido do governador Jerônimo viu o PSD com 115 prefeitos eleitos  e o AVANTE que surpreendeu elegendo 60 chapas majoritárias, se agigantarem e certamente serão protagonistas a partir de 1º de janeiro, com prestígio e prioridades em suas reivindicações. Pelo menos em tese, apesar da maioria esmagadora de prefeitos eleitos pelos partidos da base, a realidade que o grupo do governo vai encarar, pode não ser tão tranquila como imaginam os integrantes do PT.

Desde o final do 1º turno, muitos ainda comemorando as vitórias, alguns buscando um pouco de descanso após as batalhas travadas, outros já projetando as transições e iniciando a formatação das gestões municipais, muitos prefeitos eleitos por partidos “tidos como aliados” e que no entanto, enfrentaram oposição de Senadores, dirigentes do PT e do próprio governo, inclusive com incursões tidas como desastrosas de Jerônimo em pessoa, que subiu no palanque adversário, mesmo consciente de que do outro lado estavam candidatos e eleitores que votaram nele e em Lula  no pleito de 2022, não estão satisfeitos com as “estratégias eleitorais” praticadas. Mesmo não se manifestando publicamente sobre o assunto, existem muitos prefeitos eleitos de fato magoados.

A título de exemplo, em nossa região, conforme já noticiamos anteriormente, Jerônimo foi infeliz ao intervir pessoalmente contra os candidatos, hoje prefeitos eleitos de Brumado, Macaúbas, Rio do Pires, além de notar-se certa frieza no tratamento com diversos outros, especialmente do AVANTE, que certamente irá exigir um melhor tratamento. Além do PT, o governo tem o PSD, AVANTE e ainda MDB, PCdoB, PV, PSB, Podemos e Solidariedade, que “em tese” são a base governista e  conquistaram 309 prefeituras. Resta saber se marcharão unidos em 2026.

Jornalistas que acompanharam de perto todo o processo eleitoral, analistas políticos, já projetam certa dificuldade do grupo que hoje governa a Bahia, em conseguir amenizar, aparar arestas e garantir o apoio incondicional desses gestores para uma possível reeleição de Jero. Nem o Senador Otto, ou o ex-deputado Carletto e demais caciques, possuem a varinha mágica para fazerem o milagre da união de gestores “traídos”. Será necessário muito trabalho, recursos e parcerias de vulto para que tudo seja deixado para trás, afinal, aqui vale a velha máxima; “quem bate esquece, quem apanha lembra”.

No ranking dos partidos que conquistaram mais prefeituras, o segundo lugar foi ocupado pelo Avante. O partido saiu vencedor em 60 municípios. E também se consolidou como a legenda que mais cresceu entre uma eleição municipal e outra, saindo de 4 prefeitos eleitos em 2020 para os atuais 60 em 2024.

A partir de 2025, 13 das 20 maiores cidades da Bahia serão administradas por prefeitos que fazem oposição ao governo do Estado. Esses municípios concentram mais de 4,5 milhões de eleitores, o equivalente a 40% do eleitorado do estado, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA). Parte dos eleitos nas eleições municipais de 2024 pelo PP, PSB e AVANTE, sofreram muitas retaliações do PT e seus dirigentes, isso provocou insatisfações dentro da sigla que se sentiu traída.

Somente os três  principais partidos que fazem parte da base aliada ao Governo da Bahia, vão comandar 225 municípios, mais da metade do estado (53%). No entanto, isso não representa necessariamente maioria dos votos, pois a oposição liderada pelo União Brasil, um dos partidos mais representativos contra o governo baiano, elegeu prefeitos em cidades de grande porte, como Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas, Simões Filho, Ilhéus e Barreiras. A lista ainda pode aumentar com Vitória da Conquista, caso a Justiça valide a vitória de Sheila Lemos, que venceu nas urnas com 58,83% dos votos, mas não pode ser considerada eleita até que seja julgado um processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Enquanto a oposição ficou com 107 municípios, o que na tese é um número menor de prefeituras, destas, 13 compõem o patamar das 20 maiores cidades da Bahia que serão administradas por prefeitos que fazem coro contra o governo do Estado. A oposição, ao conseguir se sair bem nestas cidades estratégicas, consegue reforçar a sua liderança política. Estas cidades são polos para outras cidades menores. Por isso, Jerônimo deve estar atento nas grandes cidades pela quantidade de votos, da magnitude da população a ser governada e, ao mesmo tempo, para a visibilidade do nome das lideranças políticas. Esses elementos trazem vantagens e viabilidade eleitoral para a oposição na disputa ao governo do estado em 2026. Em resumo, além de se retratar e apagar o “fogo amigo”, Jero vai ter que tentar fortalecer a manutenção de um equilíbrio político, já que a oposição, liderada por ACM Neto, ganhou nas maiores cidades e a base governista ganhou nas menores, com gestores um tanto quanto insatisfeitos.

VEJA COMO FICOU O CENÁRIO POLÍTICO NOS MAIORES MUNICÍPIOS DA BAHIA:

Oposição Declarada:

Salvador – Bruno Reis (União Brasil); Feira de Santana – José Ronaldo (União Brasil); Vitória da Conquista – Sheila Lemos (União Brasil) sub judice; Lauro de Freitas – Débora Santana – (União Brasil); Ilhéus – Valderico Júnior (União Brasil) Porto Seguro – Jânio Natal (PL); Barreiras – Otoniel (União Brasil) Teixeira de Freitas – Marcelo Belitardo (União Brasil); Simões Filho – Del (União Brasil) Luís Eduardo Magalhães – Júnior Marabá (PP); Santo Antônio de Jesus – Genilval (PSDB); Guanambi – Nal Azevedo – Avante; Jequié – Zé Cocá (PP)

Situação:

Juazeiro – Andrei Gonçalves (MDB); Itabuna – Augusto Castro (PSD); Alagoinhas – Gustavo Carmo (PSD); Eunápolis – Robério Oliveira (PSD); aulo Afonso – Mário Galinho (PSD); Valença – Marcos Medrado (PV); Camaçari – Luiz Caetano (PT).