Aproximação com a bancada evangélica pode garantir mais ministérios e secretarias em troca de apoio político estratégico.
O governo Lula articula uma reaproximação com setores da bancada evangélica, movimento que pode trazer impactos significativos na reforma ministerial prevista para 2025. Líderes religiosos e parlamentares desse segmento têm intensificado suas agendas no Palácio do Planalto, buscando espaços em ministérios e secretarias estratégicas. A relação ganhou destaque em outubro, durante a cerimônia de sanção do Dia da Música Gospel. O evento foi marcado pela oração do deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) pelo presidente Lula, gesto que irritou figuras bolsonaristas como o pastor Silas Malafaia. Desde então, encontros entre líderes evangélicos e integrantes do governo têm se tornado mais frequentes.
Republicanos no centro das negociações – Um dos destaques dessa aproximação é o Republicanos, partido vinculado à Igreja Universal do Reino de Deus. Após apoiar a candidatura de Lula em 2022, o líder da igreja, bispo Edir Macedo, atribuiu a vitória do petista à “vontade de Deus”, acalmando os ânimos entre os fiéis descontentes com a derrota de Jair Bolsonaro. No início do governo, o Republicanos foi contemplado com uma pasta ministerial. Agora, o partido vislumbra aumentar sua influência, especialmente com o possível apoio do governo à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara dos Deputados em 2025. Caso Motta seja eleito, a sigla deve pressionar por mais espaço no governo em troca de apoio à reeleição de Lula em 2026.
Mudança estratégica no segmento evangélico – A ala evangélica que busca se dissociar do bolsonarismo tem interesse em fortalecer seu perfil junto ao Planalto, visando atrair mais recursos e apoio para projetos sociais. O alinhamento com o governo pode proporcionar maior acesso a políticas públicas voltadas à população de baixa renda, reforçando a relevância desses líderes religiosos no cenário político. O ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, tem desempenhado papel central nas articulações com os parlamentares evangélicos. Essa interlocução é vista como estratégica para ampliar a base de apoio do governo no Congresso.