Um dos casos mais alarmantes ocorreu no último sábado (26), quando um preso passou o dia inteiro reclamando de fortes dores de cabeça e solicitando atendimento médico, que foi negado pela administração. No final da tarde, o interno sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O Conjunto Penal de Brumado, no sudoeste da Bahia, está novamente sob os holofotes após monitores da própria unidade denunciarem, nesta segunda-feira (28), práticas de maus-tratos e violações de direitos humanos contra os detentos. Segundo relatos, a direção estaria obrigando os servidores a maltratar internos e negligenciando atendimentos médicos essenciais.​

Um dos casos mais alarmantes ocorreu no último sábado (26), quando um preso passou o dia inteiro reclamando de fortes dores de cabeça e solicitando atendimento médico, que foi negado pela administração. No final da tarde, o interno sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e precisou ser internado no Hospital Municipal. “Está tendo muita omissão de socorro lá. Falam pra tirar o interno de lá só se tiver morrendo, no último caso”, relatou um monitor sob anonimato.​

As denúncias mais recentes somam-se a uma série de escândalos envolvendo a unidade. Em outubro de 2023, um preso foi brutalmente agredido por policiais penais com disparo de bala de borracha, spray de gengibre no rosto e golpes físicos. O caso só veio à tona após investigação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que resultou na denúncia do então diretor, capitão PM Cláudio José Delmondes Danda, da diretora adjunta Carol Souza Amorim e de outros quatro servidores por tortura e omissão. As agressões foram registradas por câmeras de segurança da unidade .​

Além disso, a Auditoria Pública Cidadã Baiana (AUCIB) denunciou um diretor, ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por diversas irregularidades, incluindo:​ Serviço de alimentação precário, com refeições servidas em horários inadequados e alimentos estragados; Falta de tratamento médico adequado, especialmente para detentos com doenças crônicas como HIV e diabetes; Restrições abusivas nas visitas familiares, incluindo imposição de horários que dificultam o acesso; Uso de tortura e castigos coletivos, como corte de energia e água, para impor autoridade.

Também é questionada a falta de atuação do serviço social e dificuldade de acesso a informações pelos advogados. Até o momento, a direção do Conjunto Penal de Brumado não se pronunciou sobre as novas denúncias. A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap) afirmou que atuou na identificação e investigação dos servidores suspeitos de participar de atos de tortura e que repudia todo e qualquer tipo de violência .​

As denúncias desta semana, reforçam a necessidade de uma intervenção urgente para garantir os direitos fundamentais dos detentos e a integridade dos servidores que atuam na unidade.