A tragédia aconteceu quando imagens de Fabiano foram exibidas pelo Ministério Público. Visivelmente abalada, Lourdes passou mal e foi atendida por equipes do SAMU ainda no local. Após quase uma hora de tentativas de reanimação, ela foi levada ao Hospital Geral de Guanambi, onde sofreu uma nova parada cardíaca e não resistiu.

A servidora pública aposentada Lourdes Moreira Dias, de 59 anos, morreu na tarde desta terça-feira (29) após sofrer um infarto durante o julgamento do homem acusado de assassinar seu filho. A sessão ocorria no Fórum Ministro Hermes Lima, em Guanambi. Moradora da Agrovila 16, em Carinhanha, Lourdes aguardava há 12 anos pela realização do júri de Gonçalo Oliveira Costa, acusado de matar Fabiano Moreira Dias com um disparo de arma de fogo em 2014, na zona rural do município.

Apesar do respeito aos trâmites legais, o caso escancara uma triste realidade: a morosidade do sistema judiciário brasileiro, frequentemente agravada pela escassez de recursos humanos e materiais — especialmente a falta de juízes e promotores — tem adiado julgamentos por até duas décadas em diversas regiões do país. Isso impõe às vítimas e seus familiares um sofrimento prolongado, com sérias consequências emocionais e até físicas. No caso específico, sem atribuir culpa direta à instituição julgadora, o fato de Lourdes ter esperando 12 anos por justiça, dos 47 aos 59 anos de idade, possivelmente com sua saúde então menos fragilizada, levanta a dolorosa hipótese de que, não fosse a longa espera, o desfecho trágico talvez pudesse ter sido evitado.

O julgamento foi interrompido e causou grande comoção entre familiares, autoridades e todos os presentes no tribunal.