Enquanto isso, pacientes de municípios como Boquira percorrem até 250 km em busca de atendimento em outros centros, uma situação que escancara a desigualdade regional e exige uma decisão justa por parte do Governo da Bahia.

A visita da Secretária de Saúde da Bahia, Roberta Santana, ao município de Brumado nesta segunda-feira (12), trouxe à tona não apenas a discussão sobre a instalação de um Hospital Regional na região, mas também os bastidores de uma disputa que envolve interesses políticos, pressões e estratégias silenciosas para atrair o equipamento para um território já relativamente bem assistido.

Recepcionada pelo prefeito de Brumado, Fabrício Abrantes, a secretária reafirmou que o Governo do Estado está conduzindo um estudo técnico sobre a viabilidade do hospital regional, atendendo a um pedido do governador Jerônimo Rodrigues (PT). No entanto, fontes idôneas da região apontam que o prefeito de Brumado vem articulando nos bastidores para influenciar essa decisão. Segundo essas fontes, Abrantes teria inclusive se filiado recentemente ao Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Vale do Paramirim, com objetivos estratégicos, o consórcio é formado por municípios que necessitam de fato de maior assistência na área da saúde, .

A filiação de Brumado ao consórcio, segundo os bastidores, teria sido motivada não pela solidariedade ou espírito regional, mas, por um movimento político com o claro intuito de legitimar a transferência do Hospital Regional para sua cidade. Trata-se de uma manobra disfarçada de integração, que acende o alerta entre prefeitos e lideranças dos municípios que compõem o Vale do Paramirim, como Paramirim, Livramento de Nossa Senhora, Macaúbas, Boquira, Ibipitanga e Oliveira dos Brejinhos, dentre outros.

Esses municípios, ao contrário de Brumado, enfrentam carência estrutural em saúde pública. Nenhum deles conta com um hospital de referência, tampouco com um centro de hemodiálise, outra demanda urgente. Hoje, pacientes renais de toda essa região são obrigados a se deslocar diariamente para Brumado, em um sacrifício que compromete a qualidade de vida e a própria sobrevivência desses cidadãos.

O prefeito de Brumado argumenta que o município já possui um terreno disponível para a construção do hospital, mas essa justificativa encontra fácil contraponto: os prefeitos de Livramento, Paramirim e Macaúbas já declararam publicamente que também dispõem de áreas apropriadas e prontas para doação. Além disso, Brumado já conta com uma Policlínica Regional, um hospital com 20 leitos de UTI, rede de clínicas especializadas e infraestrutura de média e alta complexidade. Está, ainda, a pouco mais de 100 km de Guanambi, que possui Hospital Regional e de Vitória da Conquista, referência em saúde no interior do estado.

Enquanto isso, pacientes de municípios como Boquira percorrem até 250 km em busca de atendimento em outros centros, uma situação que escancara a desigualdade regional e exige uma decisão justa por parte do Governo da Bahia. Durante a visita do Presidente Lula a Paramirim, prefeitos entregaram pessoalmente um pedido pela construção do hospital regional, reforçando que a população da Bacia do Paramirim ultrapassa 250 mil pessoas, espalhadas em municípios com baixo IDH e graves limitações de acesso à saúde pública. Além do hospital, também reivindicaram a instalação de uma universidade pública e de um centro de hemodiálise.

A população do Vale do Paramirim confia que o governador Jerônimo Rodrigues, ao lado de aliados históricos como o ministro Rui Costa e o senador Jaques Wagner, saberá separar articulações políticas de necessidades reais. A escolha pela cidade que sediará o Hospital Regional deve priorizar quem mais precisa e não quem mais articula.