O BJÁ escolheu os 10 melhores deputados estaduais do ano 2012 com base em cinco critérios: 1) Atuação no plenário e nos debates da Casa diante dos projetos em tramitação e nas comissões temáticas; 2) Atuação em defesa de temas gerais e que são fundamentais para a sociedade – transporte, saúde, educação, segurança pública, etc; 3) Atuação em defesa de temas específicos e que são os mais debatidos na sociedade – movimentos sociais, pobreza, meio ambiente, etc; 4) Qualidade da gestão pública; 5) Desenvolvimento do Estado.
Infelizmente, em 2012, ano das eleições municipais, alguns deputados se envolveram mais diretamente com esse movimento e, portanto, deixaram de pontuar entre os melhores, casos por exemplo, de Kelly Magalhães (PCdoB), a qual vinha atuando bem na área da educação e na defesa da autonomia do Estado do São Francisco, mas, candidata a vice na chapa de Jusmari, em Barreiras, pouco compareceu à Casa no segundo semestre.
Caso também de Bruno Reis, PRP, jovem deputado que foi destaque ano passado, mas, se envolveu na campanha de ACM Neto e não teve o mesmo desempenho do ano de 2011.
Diríamos, ainda, que se João Bonfim (PDT) tivesse se empenhando mais na questão da divisão territorial poderia ter entrado na lista; o deputado José Raimundo (PT) precisa se soltar mais para alcançar um melhor patamar; o deputado Alan Castro (PSD) se tivesse abraçado a causa Salvador seria outro da lista, mas derrapou um pouco.
Nas bancadas, tanto da situação; quanto da oposição não existe nenhum deputado que trabalhe o tema desenvolvimento do estado. Fala-se pontualmente aqui e acolá, faltam informações do governo à sua base, e a oposição faz apenas o papel de crítico, sem apontar propostas sugestivas. Compara-se muito a Bahia com Pernambuco, mais para irritar Wagner do que qualquer outra coisa. Na área financeira, idem. O secretário da Fazenda, sempre que vai prestar contas na Casa, não é contestado como deveria.
A Assembleia dá pouca atenção aos temas da contemporaneidade: meio ambiente, tecnologia da informação, qualidade da gestão, qualidade da educação, ciência e tecnologia e vida comunitária. Também não se debruça, como deveria, em relação a capital, de uma forma mais sistemática. Não há oradores de abençoada qualidade na Assembleia.
Vamos então aos nomes escolhidos pelo BJÁ:
1. MARCELO NILO (PDT).
Vai ao 4º mandato na presidência (2007/2015). Fato inédito. Só isso já o coloca como um dos melhores deputados baianos da história legislativa. Duvida-se que alguém, no futuro, possa quebrar essa marca. Embora o presidente seja o magistrado, tem sido fundamental para o governador Wagner. Os principais projetos do Executivo, regra geral só chegam à Casa na última hora e exige-se urgência, Marcelo tem sido decisivo nas negociações com as bancadas. Tem absoluta autoridade e domínio da Casa. No último projeto do Executivo, o empréstimo de R$1.1 bi ao BB, Nilo costurou com a base a oposição e votou-se numa rapidez impressionante.
2. JOSÉ NETO (PT)
É o líder da Maioria ou do governo. Tem se saído bem em todas as missões e quando se imaginava que pudesse derrapar na substituição de Waldenor Pereira, Neto, o qual era considerado "intempestivo", "pávio curto" transformou-se em bom negociador, paciente escutador de críticas, agindo nos momentos certos e aprovando todos os projetos do executivo, salvo um ou outro pequeno deslize. Enfrentou a greve dos professores o que representou a sua parada mais indigesta. Mas, não cedeu. Teve ainda o mérito de ser candidato a prefeito de Feira, sem abdicar da liderança da Maioria.
3. PAULO AZI (DEM)
É o líder da Oposição. É duro, mas não intransigente, nem pirracento a ponto de prolongar uma sessão para provocar algum desgaste no governo mesmo sabendo que será derrotado. A base governista é muito grande: 41 dos 63 deputados. Azi, portanto, trabalha com 12 moicanos. Missão bastante difícil e que tem se saído bem. É um líder respeitado quando fala e vai no âmago das questões, chegando, algumas vezes, a surpreender o governo. Cresceu bastante da legislatura passada para esta e, até pela função que exerce, tem atuando no campo da gestão pública e finanças.
4. LUCIANO SIMÕES (PMDB)
É o líder do bloco PMDB/DEM. Deputado dos mais antigos da Casa tem surpreendido sua atuação no plenário, ainda que se paute muito pelo noticiário jornalístico. Se estudasse mais os temas daria um enorme trabalho ao governo. Foi dele a denúncia de que as ONGs sem qualificação estão promovendo contratos milionários com o Estado, objeto de suspensão por parte do governador. Luciano fez sua melhor participação no plenário, em 2012. Não é orador brilhante, mas, tem um jeito popular de falar que vai na veia dos assuntos abordados.
5. ROSEMBERG PINTO (PT)
É também um dos melhores deputados da bancada do PT de um total de 14. Um dos poucos que atua na defesa do governo Wagner de forma mais consistente, sem apenas analisar as questões de natureza politica, a tal "herança maldita". Conversa bem com a oposição, tem atitudes moderadas e consequentes em temas polêmicos como foram as greves da PM e dos professores e, é um dos poucos a formular análises sobre o desenvolvimento da Bahia. Arriscou uma candidatura a presidência, mas, não conseguiu o apoio do governador Wagner para enfrentar Nilo.
6. LUIZA MAIA (PT)
Da bancada das mulheres, com todo respeito às demais, é a melhor. Aqui ela leva a indicação mais por suas posições em defesa das mulheres e também por sua postura de independência, embora seja uma petista. Na greve dos professores, por exemplo, se posicionou ao lado da categoria, o que representou uma atitude e tanto. Luiza também é autora da Lei Antibaixaria e não se omite na cobrança do Judiciário para questões relevantes em defesa das mulheres, como foi no caso do estupro dos integrantes da banda New Hit. É uma deputada de atuação destacada na oratória em plenário.
7. CARLOS GEILSON (PTN)
Certamente por ser radialista de profissão é um dos melhores oradores da Casa e crítico mordaz do governo. Cresceu muito da legislatura passada para esta, mais experiente, mais sarcástico e indo à tribuna mais preparado. Leva também a indicação por defender a bandeira do regionalismo da RMF, de Feira de Santana, o segundo município mais importante do estado. O que sobra em Geilson com Feira, falta alguém que faça o mesmo com Salvador.
8. MARCELINO GALO (PT)
Leva a indicação por ser um dos deputados que tem um olhar permanente aos movimentos sociais, ao MST, as comunidades rurais, as cooperativas e ao pessoal da pesca, marisqueiras, pescadores e assim por diante. Mesmo em plenário, sem trabalho está basicamente voltado para esses temas, o que revela, um compromisso muito forte com seu eleitorado. É um pé-de-boi que viaja bastante para o interior, para os mais distantes rincões, sempre com essas atribuições. Atua também em plenário com boa desenvoltura.
9. CAPITÃO TADEU (PSB)
Embora da base governista, tem atuação independente e mostrou isso durante a greve da PM, um dos movimentos mais fortes que aconteceram em 2012. Tadeu também leva o prêmio por centralizar seu mandato no tema mais relevante que aconteceu na Bahia, ultimamente, a questão da violência que se alastrou pelo estado. É formulador, mas, o governo não lhe dá atenção. Tadeu cresceu bastante nesta legislatura e tem usado outros meios de comunicação para difundir suas mensagens, via internet e rádio.
10. BIRA COROA (PT)
Deputado da base governista e que leva o prêmio por dedicar seu mandato, quase integralmente, à defesa das comunidades afrobaianas, aos quilombolas e outros. Tem boa atuação na comissão temática e é um trabalhador incansável na mobilização dessas comunidades.