O abastecimento de água da cidade de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, poderá entrar em colapso a qualquer momento, afetando a sede municipal e mais 35 comunidades na área de influência do Perímetro Irrigado Brumado, totalizando cerca de 30 mil pessoas.
O motivo, além da seca, é o uso indiscriminado da água da Barragem Luiz Vieira. Construída para irrigar área de 5 mil hectares, teve a utilização expandida para cerca de 15 mil hectares, bem acima da capacidade do manancial e da oferta hídrica da região.
A situação vem gerando desconforto entre irrigantes de fora e do perímetro, além de DNOCS e Embasa. O reservatório chegou ao nível crítico de 12 milhões de m³, elevado para 16 milhões de m³ com as chuvas recentes, mas ainda muito longe de trazer tranquilidade.
Em final de 2012, a vazão ecológica, de 510 m³ por segundo, foi reduzida para 320 m³. A proibição de irrigação não vem sendo respeitada, principalmente em Rio de Contas, agravando a situação, o que levou a Embasa a pedir ao DNOCS vazão ainda menor, 250 m³.
RIO PODE VIRAR ESGOTO A CÉU ABERTO
O pedido foi analisado pela Comissão Gestora da Água, que aprovou ontem (30) a solicitação, mantendo a destinação apenas para consumo humano e dessedentação animal. Isso significa menos água para a população, o que tornará o racionamento inevitável.
Na reunião, surgiu a proposta de se reduzir a vazão para 130 m³/seg. O objetivo seria precipitar o colapso, deixando faltar água, a fim de chamar a atenção das autoridades para a gravidade do problema. Mas a proposta foi recusada, ante a gravidade das consequências.
Foi dito, ainda, que a população, principalmente de Livramento, corre alto risco de contaminação bacteriana, com a pouca água que descerá pelo rio, levando dejetos de esgotos de Rio de Contas, o que será altamente agravado no período de carnaval, com o aumento de pessoas na cidade e, consequentemente, das descargas sanitárias.
A vazão mínima considerada ideal para absorver esgotos tratados seria de 510 m³ por segundo. Em Rio de Contas os dejetos vão quase todos in natura para o rio. A redução da vazão, como vem ocorrendo, praticamente transforma o leito do rio em esgoto a céu aberto.
Fonte: site mandacaru da serra