Jeremias Macário – Jornalista
Ninguém consegue enganar as pessoas por todo tempo. A União Nacional dos Estudantes (a UNE), os partidos políticos, (agrupamentos de interesses escusos), as centrais sindicais e as instituições em geral não representam mais o povo, e isto ficou evidenciado nas últimas manifestações. Esse plebiscito sobre a reforma política, que agora vai se transformar num referendo, depois dos conchavos entre eles mesmos no Congresso, não passa de mais um embuste. Traição e trapaças têm limites.
O “movimento” das centrais sindicais (oito ao todo) da última quinta-feira, montado para blindar o governo e defender seus espaços no poder, distante dos apelos mais realistas das ruas (saúde, educação e melhoria no transporte público), não convenceu e foi mais um fiasco, mesmo pagando seus militantes para empunhar suas bandeiras. As marchas isoladas do fim do fator previdenciário e redução da jornada de trabalho não comoveram a população, que antes parava para apoiar e aplaudir.
Todos já sabem muito bem que elas (as centrais) foram cooptadas pelo governo central e estão cheias de dinheiro do imposto sindical, sem a obrigação de prestar contas de suas atividades. Caíram no ostracismo e no descrédito, mas mesmo assim, se recusam a refletir e a repensar seus conceitos e comportamentos, muito longe dos anseios dos brasileiros.
Uma vergonha o que aconteceu no Sindicato dos Motoristas de São Paulo. Tudo não passou de uma disputa entre gangsteres de uma máfia siciliana por mais poder e dinheiro. O Ministério do Trabalho, com o retorno do Carlos Lupi, que mandou beijinhos e fez declaração de amor à presidente Dilma, voltou a ser um balcão de tráfico de criação de mais sindicatos para engordar as centrais, cujos dirigentes mantém intocáveis suas mordomias, cargos e privilégios.
Depois a mídia, que devia estritamente desempenhar seu papel jornalístico, destila sua raiva chamando os mais exaltados das manifestações de “vândalos”, “arruaceiros” e até de “bandidos”. Na nossa história, quem são os maiores vândalos e bandidos deste país? Quem tem deixado um rastro de destruição? Cada um deve ter sua resposta.
A grande maioria dessa gente, que está à frente das instituições, não quer deixar seus castelos e insiste em continuar fazendo de conta que não entendeu o recado por mais transparência e corte das farras. Essa gente sabe muito bem que o parlamento brasileiro é um dos mais caros do mundo, mas não aceita acabar com os benefícios de marajás. Ao contrário, em plena indignação do povo, prefere voar em aviões da FAB para festas e comemorações particulares. Para enganar, essa gente nefasta e cruel apressa medidas paliativas e embusteiras que deixam a nação ainda mais insatisfeita e revoltada.
Agora mesmo, a Câmara dos Deputados decidiu montar um grupo para fazer uma reforma política calça-curta, ou como se fala no popular, uma meia-sola. Como se não bastassem as arenas bilionárias de futebol, o pais está cheio de eventos internacionais privados que vão ser pagos com o nosso suado dinheiro. Agora mesmo vem aí a Jornada Mundial da Juventude Católica, no Rio de Janeiro, paga pelo contribuinte.
Serão gastos mais de 200 milhões de reais pelos governos municipal, estadual e federal, para manter uma festa particular da Igreja. A Prefeitura contratou uma empresa por oito milhões de reais para dar assistência de saúde aos participantes, enquanto os pobres, e não os sindicatos metalúrgicos que têm planos de saúde, morrem nos corredores dos hospitais sujos e enferrujados.
Depois vamos ter a Copa Mundial de Futebol (2014) e as Olimpíadas (2016), mantidos pelo povo sofrido, para a elite empresarial e política desfrutar e ficar ainda mais rica. Pela lógica da vida, quando você convida visitas para sua casa, a primeira coisa que se faz é arrumar sua morada. No caso do Brasil, não importa se a casa está desarrumada e bagunçada. As visitas aqui são custeadas por nós, mas convidadas por eles.
Ouve-se muito de que as instituições precisam repensar suas atitudes e se afinar com os novos tempos, ouvindo os clamores das ruas, que pedem não apenas reformas políticas, mas saúde digna, ensino de qualidade, honestidade de seus governantes e segurança. Parece que eles estão “pagando” para ver até onde vai dar toda essa insensatez. Estão conduzindo o país para uma encruzilhada perigosa e podem cair de tão maduros e podres.
Coluna extraída do Blog do Anderson