Recuperar os sonhos alimentados na constituinte de 1987/1988, republicanizar a República e nela reinserir o cidadão, fazer uma cruzada em defesa da justiça para todos, exigir direitos, interiorizar as ações da Ordem dos Advogados e lutar contra a situação caótica em que se encontra o Poder Judiciário da Bahia.
Essa é a síntese da fala contundente do advogado Luiz Viana Queiroz, presidente da seção baiana da Ordem dos Advogados do Brasil, na palestra de abertura do Encontro Sertanejo de Advogados, dia 25, e que termina hoje, na histórica e bela cidade de Rio de Contas, no sudoeste da Bahia.
 
                                                         "Não há liberdade num país desigual"
 
Ao falar sobre o tema A Reforma Política, no Brasil, ele defendeu o reencontro urgente do cidadão com a justiça, para que haja o exercício pleno da cidadania. Alertou para o grande significado dos recentes movimentos de rua, no país, o que chamou de “primavera brasiliana de junho”.
Disse duvidar das soluções propostas pela reforma, transformada repentinamente na principal bandeira dos políticos, e lembrou que as multidões não clamaram por “reforma política” e sim pela moralidade dos governos e melhoria dos serviços públicos de educação, saúde e transporte.
Salientou que “não é fácil mudar mentalidade”, mas é isso que necessita ser feito e “não apenas discutir o sistema eleitoral”. Apontou que o Brasil ainda cultiva símbolos monárquicos, o culto à personalidade, como as fotos de governantes nas repartições públicas e seus nomes em placas de inauguração.
Disse que “não há liberdade num país desigual” e que “o Estado está lento demais no atendimento das demandas dos brasileiros”, surgidas nos últimos anos. Que são inaceitáveis, por exemplo, a falta de juiz titular, há quatro anos, em Paramirim, e a ameaça de extinção da comarca de Rio de Contas.
Defendeu a necessidade da reação dos advogados, como ocorreu, segundo ele, na subseção da OAB-BA de Jacobina, que mobilizou os profissionais para ir às ruas, gritando que “ninguém aguenta mais a Justiça da Bahia”.
 
Por: Raimundo Marinho – Jornalista