Não será necessário aqui relembrar as diversas matérias, denúncias, alertas, que foram veiculadas por este veículo de comunicação, sobre o descaso, má utilização, desperdício da água e principalmente a insistência de alguns proprietários “protegidos”, que continuam dispostos a tudo, até a criarem “Associações” para que os arcaicos regos de irrigação por inundação, continuem levando milhões de metros cúbicos de um reservatório que agoniza.

Em recente audiência pública realizada na cidade de Caturama, quando se discutia a problemática da água do Zabumbão no último dia 24 de março, o gerente regional da EMBASA, escritório de Paramirim, foi direto e sincero ao declarar que a atual situação do reservatório é por demais preocupante, apresentando números assustadores para aqueles que realmente se preocupam com o evidente desabastecimento, caso a atual situação de utilização não passe pro mudanças drásticas.

Sérgio informou que o Zabumbão, com capacidade de armazenamento de 65 milhões de metros cúbicos de água, se encontra hoje com cerca de 17 milhões, ou seja, cerca de 20% de água, pois o restante, cerca de 5% é conteúdo pastoso (lama, dejetos, lodo etc).

O gerente lembrou ainda, que por ano, considerando a elevação da temperatura, cerca de 40% da água do reservatório evapora-se e o que ele chamou de “Vazão Ecológica”, aquela água que é liberada dia e noite, para os “Irrigantes” que se esbaldam inundando terrenos que quase nada produz, leva embora 10 milhões de metros cúbicos, água que nem chega a Caturama, cerca de 17 km, pois é tragada pelos potentes motores ou  “REGOS” que inundam mangas de capim e grama.

Gente! Basta que reflitamos sobre o  relatório divulgado na mesma segunda (24) pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), que aponta o Nordeste do Brasil como a região que viveu em 2013 a pior seca dos 50 últimos anos. O documento disponibiliza informações sobre chuvas, secas, ciclones tropicais, entre outros detalhes de fenômenos climáticos em cada região do planeta.

A seca de 2013, agravada pela estiagem do ano anterior, provocou a pior baixa dos reservatórios na Bahia. Na região do Vale do Paramirim não foi diferente, além de destroçar as atividades agrícolas e agropecuárias, atingindo a economia regional, a estiagem prolongada, – que ameaça continuar agora em 2014 por causa das chuvas fracas e espaçadas – o nível dos reservatórios é preocupante, chegando a ser alarmante no caso do Zabumbão que tem por finalidade única o abastecimento humano e animal!

Os demais municípios da região, tanto os que já são abastecidos, como aqueles que o governo quer levar água, podem  sofrer sérias  ameaças de desabastecimento já em 2014, pois não possuem reservatórios próprios e a população não pode padecer por falta de água, eles não possuem nenhuma garantia de segurança hídrica.

Infelizmente a estação chuvosa está no fim,  previsões de chuva não se confirmam, a situação tende a se agravar.

Com base nos índices de chuva registrados em 2014, anotados até o dia 25 pelas estações metereológicas, o quadro que se anuncia não é nada animador por enquanto.

Muitos podem indagar, o que fazer? Qual a solução? Como podemos evitar essa catástrofe enquanto cidadãos comuns?

A resposta é simples, muita coisa pode ser feita, se não podemos resolver definitivamente o problema, por dependermos de fatores climáticos, pelo menos devemos fazer a nossa parte. Iniciando com a mudança de hábitos no trato com a água, desde a nossa casa, buscando economizar, conscientizando amigos, vizinhos sobre a atual situação e participando mais ativamente dessas discussões, seja pelas redes sociais ou se mobilizando pessoalmente, pressionando autoridades a debaterem esse tema com a população regional, empunhando a bandeira pelo fim dos desperdícios, sejam eles da EMBASA, de motoristas irresponsáveis de carros pipas do Exército, que ganham por viagem e muitas vezes desperdiçam água para arrecadar mais dinheiro e principalmente, debater  a necessidade do esgotamento sanitário da cidade de Érico Cardoso, promover uma campanha pelo fim do descaso, pelo fim da irrigação por inundação, pelo fim dos famigerados regos que revoltam cada cidadão ao contemplar tanta água desperdiçada nestes terrenos ribeirinhos que em nada contribuem para a economia local e regional. Cobrarmos também através de audiências públicas, a revisão e aplicação das normas da ANA Agência Nacional de Águas, para que, uma vez que a barragem é para consumo humano e animal, que lhe sejam aplicadas todas as garantias de conservação, fiscalização e proteção.