Parece até brincadeira, alarme, sensacionalismo como alguns tachariam, mas, o instinto de preservação e a preocupação com a escassez de água nos fazem registrar mais uma vez esse fato que intriga a todos. Com a autorização de quem e por qual motivo ou emergência, foram abertas as comportas da Barragem do Zabumbão, que há quatro dias permite o escoamento rio abaixo de milhões de metros cúbicos da água do reservatório?

Historicamente, estamos há pelo menos seis meses do período chuvoso, que, aliás, na região, torna-se cada vez mais irregular. Todo o Vale vive apreensivo com os destinos da política mesquinha do Governo do Estado em distribuir água em troco de votos, sem ao menos avaliar as conseqüências de projetos sem fortalecimento e proteção das fontes e nascentes. Presenciamos ainda em andamento a ampliação gradativa de canalizações e a diminuição do volume de armazenamento da Barragem do Zabumbão. De repente, do “nada” chega uma ordem para que seja liberado novamente um grande volume de água!

Seria para irrigação? Algum “acordo com alguém”? O que estará por trás de mais esse derramamento no nosso entender irresponsável e desnecessário num período crítico como o que estamos vivendo?

Buscando apurar os fatos, tentamos contato com a CODEVASF em Bom Jesus da Lapa, porém, não conseguimos informações contundentes, nem falar com o superintendente. Através informações, extra-oficiais ficamos sabendo que tal derramamento em plena seca teria sido autorizado pelo INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia), nossa reportagem falou por telefone com o órgão em Salvador, através da sua coordenadora Maria Quitéria, que na oportunidade nos disse que isso não procede, passando a bola para a ANA (Agência Nacional de Águas), que também não possuía informações precisas, solicitando-nos que enviasse um e-mail à autarquia, para que apurassem tais procedimentos e retornassem. Resumindo: Nem os Chefes do Escritório têm conhecimento de uma possível equipe na região que segundo fontes extra-oficiais poderiam liberar até seis milhões de metros cúbicos no leito do rio. Caso isso seja verídico, o que duvidamos, para qual finalidade específica e até onde essa água chegará é uma incógnita.

Apenas relembrando aqui o que afirmou o Gerente da Embasa ha alguns dias em Caturama. A água que escorre diariamente através dos famigerados regos para irrigação de capim, inundando terrenos muitas vezes improdutivos, representa milhões de metros cúbicos/mês. Não satisfeitos, os “responsáveis” ainda liberam as comportas? Qual seria o verdadeiro objetivo?

Fica registrado também o questionamento em nome da população regional: Diante de tantos “Chefes” e poderosos, quem poderia barrar estas atitudes de risco? Afinal, o Zabumbão tornou-se além de um patrimônio, uma garantia de sobrevivência de milhares de pessoas na região e não pode ficar à mercê da vontade dos diretores, superintendentes, seja lá quem forem os “Responsáveis” que manipulam essa água destinada prioritariamente para o consumo humano.

Estamos conscientes de que as críticas virão, porém, não abrimos mão do compromisso social em tornar públicos atos, comportamentos e ações que ameacem a segurança do meio ambiente e da população. Esse é o papel da imprensa.