O Grupo O Eco de Comunicação, na pessoa do jornalista Samuel Lima e de toda a sua equipe, presta aqui sua mais profunda homenagem a este grande mestre da cultura popular brasileira. Que sua voz, sua poesia e seu amor pelo sertão continuem a inspirar o Brasil e o mundo. Descanse em paz, Wilson Aragão. O sertão chora, mas te aplaude de pé.
Um dia triste para a cultura baiana e para todos que amam a música raiz, que enaltece nossa terra nordestina. Faleceu neste sábado (24), em Salvador, o cantor, compositor, poeta e artista plástico Wilson Aragão, aos 75 anos. Natural de Piritiba, no interior da Bahia, Aragão lutava contra um câncer. Deixa esposa, três filhos e um legado que jamais será esquecido. Wilson Aragão não foi apenas um artista; foi um cronista do sertão. Suas letras, carregadas de poesia, humor e amor pela terra, retratavam com maestria a vida, os costumes e as belezas do povo nordestino. Uma de suas músicas mais conhecidas, Capim Guiné, ganhou projeção nacional na voz de Raul Seixas, eternizando sua obra além das fronteiras baianas.
Filho de uma família evangélica, Wilson teve uma infância cercada de restrições musicais, mas desde cedo revelou sua veia artística — seja na pintura, na poesia ou nas composições. Na juventude, se mudou para São Paulo, onde começou a apresentar suas músicas e consolidou sua carreira como cantor e compositor. Com uma discografia marcada por canções que exaltam o sertão, o matuto e as belezas do interior, Wilson Aragão foi reverenciado por nomes como Elomar, Xangai e Vital Farias, com quem formou, nos anos 1980, um dos movimentos mais importantes de valorização da música regional nordestina. Suas músicas foram gravadas e interpretadas por grandes artistas, como Fagner, Elba Ramalho, Zé Ramalho e o próprio Raul Seixas, além de serem tema de documentários, filmes e peças de teatro sobre a cultura nordestina.
Laços com o Grupo O Eco: O artista também cultivou uma relação de amizade de anos com o jornalista Samuel Lima, do Grupo O Eco de Comunicação. Essa amizade começou quando o hoje empresário da comunicação, ainda estava vivenciando os tempos de estudante no CESUPA, quando Wilson, já um artista em ascensão, visitou a residência estudantil de Paramirim, localizada na Rua do Alvo, no bairro da Saúde, em Salvador, durante uma das tradicionais festas anuais dos estudantes do interior.
O encontro não ficou apenas na memória dos que participaram. Anos mais tarde, já consolidado como referência da música nordestina e do Brasil, Wilson Aragão foi a atração principal do cerimonial Destaques do Ano, “Prêmio O Eco”, promovido pelo Grupo O Eco na cidade de Seabra, nos anos 2000. Sua apresentação, marcada pela simplicidade e pelo carisma, encantou a todos os presentes e se tornou um dos momentos mais simbólicos da história do evento realizado para enaltecer personalidades dos mais diversos ramos de atuação.
Apesar do sucesso, Wilson Aragão nunca se afastou de suas origens. Sempre fez questão de exaltar sua cidade natal, Piritiba, e manter-se próximo das comunidades sertanejas, sejam elas no interior baiano ou nas grandes cidades. Sua fala simples, seu sorriso fácil e sua capacidade de transformar o cotidiano em poesia o tornaram uma figura amada não apenas como artista, mas como ser humano. Ao longo da vida, Wilson também se destacou como artista plástico e poeta, deixando obras que refletem a riqueza cultural e espiritual do sertão baiano.
A partida de Wilson Aragão deixa um vazio irreparável na cultura nordestina. Sua obra, no entanto, segue viva, seja nos versos que embalam gerações, nas melodias que ecoam nos rincões da Bahia ou nas lembranças dos que tiveram o privilégio de conhecê-lo de perto. “Quando eu era menino mulato, no meio do mato, neguim sarará… as canelas cortando jurema, sem medo e sem pena de cobra pegar… coração ainda traz na capanga um bocado de manga, umbú e cajá…”
O Grupo O Eco de Comunicação, na pessoa do jornalista Samuel Lima e de toda a sua equipe, presta aqui sua mais profunda homenagem a este grande mestre da cultura popular brasileira. Que sua voz, sua poesia e seu amor pelo sertão continuem a inspirar o Brasil e o mundo. Descanse em paz, Wilson Aragão. O sertão chora, mas te aplaude de pé.