Em Paramirim e outras cidades da região, supostas enquetes virtuais sem qualquer metodologia estatística prometem eleger e premiar destaques. Caso é grave e pode parar na justiça.
Imagine uma empresa, profissional liberal, ou diversos proprietários de empreendimentos, que há décadas se esforçam para oferecerem o melhor produto ou serviço à sociedade, conscientes de que são consagrados pela maioria e a sua marca possui elevada consideração na sua cidade ou região, ter a infeliz surpresa de que “uma suposta empresa de marketing” sem qualquer conhecimento ou experiência em pesquisas de opinião, divulgou de forma pública, que um concorrente que acaba de estrear no ramo, está sendo premiado publicamente como o melhor, tendo como fundamento uma enquete desprovida de qualquer respaldo cientifico ou estatístico para entregar o “troféu”. Isso além de destruir reputações, é ilegal e cabe inclusive representações judiciais, para que se apure os métodos utilizados, caso tenha realizado, a enquete seja auditada e os responsáveis expliquem sobre quais profissionais da área de pesquisas estão responsáveis pelo resultado final do levantamento.
A realização de pesquisas de opinião com objetivo de identificar os melhores de cada município, seja em atendimento, serviços prestados ou produtos ofertados, são permitidas, desde que obedecidos todos os parâmetros legais, métodos científicos, elaboração de questionário estruturado por um profissional estatístico, que será também responsável pelo treinamento de pesquisadores, aplicação de uma amostragem previamente elaborada, de forma a contemplar representantes de todos os segmentos de uma sociedade. Os resultados obtidos em uma pesquisa científica representam a opinião do universo do estudo e, para que eles sejam efetivos, é fundamental que a pesquisa obedeça a critérios estatísticos para a seleção da amostra e que seja definido o seu tamanho.
Mais importante ainda é a sua representatividade, ou seja, o seu grau de similaridade com a população em estudo. A enquete, além de não possuir confiabilidade, não pode ser auditada e oferece diversas falhas na coleta da opinião de um grupo de pessoas selecionado sem critério nas redes. Isso não representará a opinião da população estudada. é importante respeitar os conceitos estatísticos e é papel do Jornal O Eco, que há quase três décadas atua nesta área, alertar a sociedade para os riscos de tal atitude que pode manchar reputações e ferir a verdade quanto à opinião popular.
É responsabilidade e até obrigação do nosso veículo de comunicação, abordar o tema e esclarecer que não é proibida a realização de pesquisas com o objetivo de identificar e premiar aqueles que merecem destaque. No entanto, é papel do Instituto de Pesquisas, do profissional estatístico, que devem estar credenciados nos órgãos competentes para este tipo de trabalho, se munir do máximo de informações possíveis relacionadas ao universo a ser pesquisado para, a partir dessas informações, definir a melhor técnica de amostragem, melhor metodologia de coleta dos dados e o melhor instrumento de coleta (questionário), com o objetivo de minimizar os erros amostrais e não amostrais, garantido assim a qualidade dos resultados.
A falta de controle e a consequente falta de representatividade, certamente comprometem a representatividade do estudo. Dito isso, podemos concluir que, na prática, quando há auto seleção do entrevistado, as informações coletadas deixam de figurar uma pesquisa e passam a ser uma enquete, uma vez que não há controle sobre quem está participando, e se representam ou não o universo sobre o qual se quer investigar. Fica a dica e o alerta.
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