Um fato inusitado que revoltou pacientes e funcionários, ocorreu no Hospital Municipal de Boquira na madrugada do dia 06 de setembro, por volta das 04:40 hs, quando uma mulher identificada como Valdirene Moreira, após constatar a morte da sua genitora de 88 anos que estava internada naquela unidade, passou a agredir funcionários, danificando instalações internas do hospital, inclusive arremessando o aparelho de televisão da sala de atendimento ao chão.

Visivelmente transtornada, a mulher pronunciava frases desconexas, ameaças aos funcionários e médicos lotados na unidade de saúde, atribuindo o falecimento da sua mãe aos “Carniceiros”, conforme pode ser observado em vídeo na sua página do Facebook, no qual percebe-se a dimensão do estado de confusão mental. De acordo com a cópia do Registro de Ocorrência Policial 233/2018 da delegacia local, a qual nossa reportagem teve acesso, Valdirene Moreira se encontrava alterada, passando a danificar a divisória do hospital, arremessando a televisão, passou a ameaçar de morte os funcionários, chegando a agredir fisicamente o vigilante que estava de plantão no dia.

Ocorre que Valdirene que reside fora de Boquira, acompanhava o tratamento da mãe, uma senhora de 88 anos, através de informações repassadas por parentes e funcionários do hospital. De acordo com o que apurou nossa reportagem junto à unidade de saúde, a paciente que veio a falecer, devido à idade avançada, sofria com hipertensão, diabetes e uma série de outros problemas de saúde. Relatam ainda que a paciente já havia sido socorrida outras vezes, sempre de forma digna e dentro dos parâmetros legais, tendo sido muito bem cuidada pelos profissionais e servidores.

Após a última internação, apesar de ser inclusa no sistema de regulação do SUS, avaliando o quadro, a própria regulação do estado orientou pela permanência em Boquira, pois, entenderam que todos os exames e procedimentos necessários para o caso, foram realizados, bem como os medicamentos adotados. Diante da negativa da regulação do SUS, que obedece um cronograma baseado em prioridades para os pacientes, médicos e profissionais do hospital sempre mantiveram a senhora Valdirene (acompanhante), informada de cada detalhe dos procedimentos, ressaltando que a paciente permaneceu sendo cuidada na unidade de Boquira da melhor forma possível, infelizmente vindo a óbito na madrugada do dia 06.

Diferentemente do que alega a acusada das agressões, ameaças e danos ao patrimônio do hospital, segundo fontes da diretoria do Hospital e da Secretaria Municipal de Saúde, o município de Boquira avançou muito para oferecer melhores condições de atendimento na sede e área rural. O município não poderia atropelar o sistema de regulação do SUS, que classifica e prioriza casos de urgência com pacientes, de acordo com critérios próprios do SUS e do estado.

Além do Boletim de Ocorrência que deve promover as investigações por parte das autoridades policiais sobre os danos e ameaças à vida dos servidores, a Secretaria Municipal de Saúde emitiu uma nota de repúdio às atitudes da Senhora Valdirene, que claramente desrespeita as leis, difamando de forma pública, profissionais, servidores da saúde e até a gestão municipal.

VEJA A NOTA:

“A Secretaria Municipal de Saúde de Boquira, diante do lamentável episódio ocorrido na madrugada do último dia 06 nas dependências do Hospital Municipal, vem  de público manifestar solidariedade, aos funcionários, profissionais enfermeiros e médicos, que foram surpreendidos com as agressões injustas, calúnias, difamações e até agressões físicas praticadas por uma senhora já qualificada no Boletim de Ocorrência Policial, a qual responderá pelos seus atos de vandalismos que resultou na destruição parcial de instalações de um importante patrimônio público.

Nessa oportunidade, todo o corpo administrativo da Área de Saúde do município de Boquira, vem, de público, formalizar veemente repúdio aos atos de barbárie sofridos contra pessoas e instituição que acolhe a todos, buscando aliviar a dor. É inadmissível que em pleno século XXI uma pessoa possa adentrar em um hospital, exigindo o impossível dos profissionais, que de tudo fizeram para a recuperação de uma paciente até o último momento. Não poderíamos nos calar diante de tamanha maldade, difamações absurdas para com quem só faz o bem pelas pessoas que procuram atendimento de saúde.

Faz-se oportuno registrar, que o ato de destruir ou depredar o patrimônio público é crime punível dentro do rigor da Lei. É do conhecimento público, todo esforço empreendido para reformar, ampliar as instalações físicas, oferecer médicos capacitados e todo suporte que antes não existia no atendimento de saúde. Bem sabemos as dificuldades financeiras que os municípios brasileiros e em especial os municípios do Nordeste estão atravessando com a queda dos repasses do Governo Federal, para manter as obrigações em dias. Não obstante todas as dificuldades financeiras encontradas, mas com muito sacrifício e empenho por parte desta administração, conseguimos realizar o sonho da reconstrução e ampliação dos serviços de saúde.

Não poderíamos nos calar diante de tamanha afronta, não somente aos servidores, mas, a toda população boquirense que se sente agredida com tais atitudes impensadas, caluniosas e ameaçadoras. Baseada na fundamentação legal, a Prefeitura de Boquira, juntamente com a Secretaria de Saúde reafirma o propósito de manter-se na defesa intransigente da preservação do patrimônio público, da integridade física e moral dos seus servidores. Para tanto, anuncia que já tomou todas as medidas necessárias para acompanhar o processo de apuração policial nesse lamentável episódio, ao mesmo tempo em que buscará a punição cabível a quem pratica esse tipo de ato criminoso.

Com a mesma determinação que busca construir e reformar hospital, postos de saúde, disponibilizar medicamentos, exames, ambulâncias, tratamentos, encaminhamentos, campanhas de saúde, a Prefeitura e a Secretaria de Saúde de Boquira, reafirmam que vão atuar para coibir atos que violentem a dignidade da pessoa humana e ao patrimônio público, por entender que o regime democrático não tolera quem não se submete aos ditames das leis, das regras da convivência civilizada, do respeito à honra e ao patrimônio de sua gente”.

Boquira, 06 de setembro de 2018