Atacado como nunca na democracia, sistema eleitoral expressará soberania popular

Pela primeira vez na Nova República, um candidato à reeleição presidencial chega em desvantagem ao primeiro turno. Com 36% das intenções de votos válidos no Datafolha, Jair Bolsonaro (PL) arrisca-se a ser derrotado já neste domingo (2), caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 50%, conquiste a maioria dos escrutínios.
o Congresso para retroceder ao voto impresso.

O que aconteceu com a máquina de votação passou-se também com o aparato institucional desenhado para resistir ao autoritarismo. Desafiado de maneira inédita, demonstrou a sua inexpugnabilidade e devolveu o especulador da desordem ao seu devido lugar.

O Supremo Tribunal Federal não se curvou à saraivada que partiu do Palácio do Planalto. Impôs as regras do jogo, puniu celerados do golpismo e preservou o equilíbrio constitucional mesmo quando o presidente da Câmara e o procurador-geral da República se esquivaram de seu dever fiscalizador.

Da mesma forma agiu a Justiça Eleitoral. A tentativa de sabotagem conduzida por militares, convidados de boa-fé a opinar sobre a higidez do sistema de votação e apuração, foi energicamente barrada, restando claros o desvio de finalidade e a improbidade administrativa de qualquer interferência das Forças Armadas no processo.

A prova exuberante da resistência e do enraizamento da democracia brasileira é a manutenção, inabalável, do ritual cívico que se repete neste domingo (2). Mais de 156 milhões de cidadãos habilitam-se a escolher livremente seus candidatos ao Legislativo e ao Executivo nas esferas estadual e federal.

Como o sol aparece todas as manhãs no leste, as escolhas da soberania popular serão apuradas com eficiência e respeitadas, e os eleitos tomarão posse e exercerão seus mandatos nos limites da lei. Vida longa à democracia brasileira.

Fonte: Folha de São Paulo