Tidas como vetores de disseminação, cujo poder de contágio está equiparado aos transportes interestaduais, empresas concentram operários de diversos cantos e municípios começam a ter picos da COVID-19.
O que antes era sonho, hoje representa temor e desalento. A instalação e funcionamento de empresas de grande porte em pequenos municípios do sertão, especialmente dos ramos de energia eólica, energia solar, extração mineral (pedreiras), expansão de linhas férreas, dentre outras, sempre receberam incentivo pela expectativa da geração de emprego e renda para população em geral. Essa concepção tem se modificado na medida em que essas empresas passam a importar todo tipo de mão de obra sob alegação das condições de qualificação para os trabalhos ofertados, abdicando cada vez mais da utilização dos trabalhadores locais. Na maioria dos municípios, o que se vê são acampamentos superlotados, residências e hotéis ocupados por gente de fora da cidade.
Se esse fenômeno invasor, já incomodava pela queda gradativa de retorno econômico, perdas significativas na extração de riquezas minerais, além de prejudicar o meio ambiente, a importação de mão de obra estranha, aliada à pandemia do novo coronavírus, transforma-se agora no foco de preocupação regional, pois as cidades sede dessas empresas, já registram picos da doença, transformando a realidade pacata e ambiente controlado em epicentros de contaminação. Esse é o caso de cidades como Urandi com 90 casos confirmados, Guanambi que chega a 45, Oliveira dos Brejinhos com 28 e Palmas de Monte Alto com 15 casos de Covid-19. Documento já foi encaminhado ao Ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e para a Agência Nacional de Energia (Aneel), para que suspenda temporariamente a execução das obras nas cidades, tendo em vista o enorme prejuízo causado na saúde pública regional.
Pelo menos até o momento, a única atitude imediata que se tem notícia por parte das Prefeituras Municipais, foi em Palmas de Monte Alto, com o Decreto de suspensão das atividades de empresas de linhas de transmissão eólica. Essa deve ser a postura adequada das demais gestões, cujos municípios estão sendo impactados. Em nota, o deputado federal Charles Fernandes, anunciou que pediu a suspensão das obras dos parques eólicos e linhas de transmissão ao Ministério de Minas e Energia e Aneel. De acordo com a assessoria do deputado, o pedido se justifica diante da grave e caótica situação com o registro de mais de 100 (cem) casos positivos de Covid-19 na região, com foco principal nos alojamentos e canteiros de obras dos parques eólicos nas cidades de Palmas de Monte Alto e Pindaí e de linhas de transmissão de Urandi e Guanambi.
“O cuidado com a saúde e a vida da população das cidades da região está em primeiro lugar, sabemos a importância das obras de energia para o País; pedimos a suspensão das obras para que as cidades possam ter um tempo para se adequar e ainda para que as empresas revisem os seus protocolos sanitários, está claro que as ações tomadas pelas empresas até agora são ineficientes, visto que a cada semana, só aumenta os casos positivos de Covid-19, entre os colaboradores, familiares e prestadores de serviço, não podemos perder mais vidas e que a situação saia ainda mais fora do controle”, frisou o deputado. No documento, o parlamentar ainda alerta que acionará a sede regional do Ministério Púbico Federal (MPF), para conhecimento da gravidade da questão e a tomada de providências, para que a população regional seja protegida, resguardando o que o ser humano tem de maior, que é a sua vida.