Ex-presidente também tinha conhecimento dos preparativos para matar Lula, Alckmin e Moraes, aponta relatório.

O ex-presidente Jair Bolsonaro “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito”, diz a Polícia Federal no relatório do inquérito que investiga o caso. O documento de mais de 800 páginas foi tornado público nesta terça-feira (26), por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que retirou o sigilo.

A PF diz que o ex-presidente tinha “plena consciência e participação ativa” nos atos clandestinos que buscavam dar um golpe de Estado, segundo a corporação. Bolsonaro foi indiciado na quinta (22), ao lado de mais de 30 pessoas, por abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. “Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022”, afirma o relatório, se referindo ao plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

A PF afirma que fez análises dos registros de entrada e saída de visitantes no Palácio do Alvorada. Também teve acesso ao conteúdo de diálogos entre interlocutores e datas e locais de reuniões. A não consumação do golpe aconteceu “em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, afirma a PF. Sob liderança de Bolsonaro, o grupo começou a criar e disseminar uma ideia de que havia vulnerabilidades no sistema eleitoral eletrônico, desde 2019. A ideia de começar tão cedo era não parecer algo oportunista em caso de derrota eleitoral e já lançar dúvidas para o futuro.

“Após o resultado do 2º turno das eleições presidenciais de 2022, o discurso de vulnerabilidades das urnas e de que havia ocorrido fraude eleitoral continuou sendo reverberado, inclusive, de forma mais incisiva com a representação eleitoral para Verificação Extraordinária peticionada pelo Partido Liberal, contendo dados técnicos inconsistentes, deliberadamente apresentado com ciência e autorização de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto”, acrescenta.