Interrogatórios sobre tentativa de golpe começam com depoimento de Mauro Cid; Bolsonaro será ouvido nos próximos dias
Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início aos interrogatórios dos principais acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. O caso investiga uma suposta trama para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022 para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O primeiro a prestar depoimento foi Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje delator no inquérito. O interrogatório começou às 14h e foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Além de Cid, outros sete réus considerados centrais na investigação serão ouvidos ao longo da semana.
Os réus são acusados de crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Além de Bolsonaro, fazem parte da lista de acusados Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general e ex-ministro do GSI), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), que está preso no Rio de Janeiro e poderá não comparecer presencialmente. O ex-presidente Jair Bolsonaro será o sexto a prestar depoimento, ainda sem data definida. Os réus estão sendo interrogados presencialmente, sentados na primeira fileira do plenário, conforme a ordem alfabética.
As sessões seguem ao longo da semana com horários estendidos, inclusive nos dias em que o Supremo não realiza sessões plenárias. Os interrogatórios estão sendo transmitidos ao vivo pelo canal Metrópoles no YouTube, diferentemente das audiências anteriores, que ocorreram de forma reservada.
A ação penal está sendo analisada pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A denúncia contra os acusados foi aceita por unanimidade pela Corte, e o processo agora entra em sua fase decisiva, com os depoimentos dos réus. O caso é considerado um dos mais relevantes da história recente do país e poderá ter grande impacto no cenário político nacional.