Um relatório com denúncias da população de Caetité, na Bahia, sobre contaminação da água, falta de transparência e violação dos direitos humanos na extração de urânio no município, foi lançado nesta quinta-feira, pela Plataforma Brasileira dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca), uma organização da sociedade civil, durante audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados em Brasília. A responsável pelo relatório, Marijane Vieira Lisboa, relatou a conclusão da visita que fez à cidade baiana, que abriga um terço de toda a reserva de urânio do País, mais de 100 mil toneladas do mineral.
“As principais reclamações da população se referem à questão da água. O que nós constatamos é que a população não tem informações fidedignas nem suficientes para se sentir tranqüila em relação a sua saúde”, disse Marijane. “Há uma incidência muito grande de cânceres na região, particularmente de leucemia, que é uma doença muito associada à exposição radioativa.” Essa preocupação se dá não somente entre os moradores de Caetité, como também nos municípios vizinhos, especialmente em Lagoa Real, Brumado, Livramento, Igaporã, Botuporã e Paramirim, que fazem divisa na região próxima às jazidas de urânio, tendo inclusive parte dos seus territórios incluídos nas reservas desse minério. O pior é que as conseqüências do males causados, somente são descobertas alguns anos depois e geralmente quando a pessoa contaminada já se encontra em estado avançado de câncer.