Fonte: Clima Tempo
Felizmente, chove na região e a previsão dos institutos de meteorologia é de que, pelo menos até o domingo (10), mais precipitações sigam acontecendo para aliviar o sofrimento do sertanejo, que pena com a seca enfrentando meses de intenso calor e o consequente aquecimento da terra devido ao fenômeno El niño, que além de provocar danos à saúde, consome mais rapidamente as reservas de água devido à evaporação.
Se por um lado a esperança se renova, por outro, a preocupação com a situação de completo abandono da Barragem do Zabumbão, atormenta milhares de pessoas que dependem do reservatório.
Segundo nos informou o Comitê de Bacias dos Rios Paramirim e Santo Onofre, a estrutura da barragem continua apresentando fissuras, pois, apesar das denuncias feitas pelo Eco, após a contratação de uma empresa para realizar os reparos, as obras foram suspensas por falta de pagamento por parte da CODEVASF. Isso significa risco iminente de eventuais infiltrações, vazamentos, podendo acontecer até o rompimento das paredes de contenção.
Como se não bastasse a falta de cuidados, as cercas loteando as áreas de preservação, criação de gado em local indevido, garimpos clandestinos que trabalham a todo vapor, poluindo e aterrando as nascentes, esgotos in natura lançados diuturnamente, a CODEVASF, conforme pode-se comprovar através de email ao Comitê de Bacias, permitiu que a concessionária de energia elétrica COELBA, interrompesse o fornecimento de eletricidade que alimentava a operação das torres das comportas.
Isso é um fato gravíssimo, pois, sem energia, as comportas não mais poderão ser reguladas de acordo com as necessidades. Ou seja, mesmo querendo, não se pode mais regular a vazão, que segundo a própria ANA e o Comitê, está acima do desejado, desperdiçando água.
O cúmulo da inoperância! Imagine o leitor que por causa de uma quantia estimada em cerca de R$ 50,00 (cinquenta reais). que é o valor mensal da conta, a CODEVASF e toda a burocracia, coloca em risco não somente o abastecimento, como a obra que custou milhões aos cofres públicos, além de expor a população, que pode ser vítima, caso isso persista e provoque os danos aqui relatados à estrutura que há dias se encontra totalmente abandonada.
Um trecho do e-mail enviado pelo Sr. Edson Marques, funcionário da CODEVASF (edson.marques@codevasf.gov.br) ao Comitê de Bacias, ilustra o descaso e irresponsabilidade, quando assim se refere ao problema: "De ordem do Sr. Superintendente, venho me manifestar e, infelizmente, surpreso com o seu estarrecimento…
Atenciosamente, Edson Rodrigues Marques Junior – Engº Agrônomo
Gerente Regional de Revitalização de Bacias Hidrográficas
CODEVASF – 2ªSR".
Gráfico Ilustra a situação do reservatório que se aproxima do nível de alerta
Rachaduras não foram reparadas e ameaçam a estrutura da Barragem
Nesse período, permanecendo as chuvas, seria oportuna a contenção, aumentando o volume de água, porém, sem os mecanismos em funcionamento, estaremos fadados a presenciar o lago atingir o nível de alerta e assistirmos a cada dia, mais degradação desse importante reservatório que serve a milhares de famílias nos municípios interligados.
Um momento de extrema insegurança da população, diante da indiferença demonstrada pela CODEVASF, que é a responsável direta pela administração da bacia, chegamos a uma situação em que não se pode afirmar o que seria pior, muita chuva para abastecer a barragem e o risco de uma tragédia anunciada, ou a falta de chuvas, que culminaria com o esgotamento completo de água para abastecimento humano e dessedentação animal.
Faz-se necessário um levante pela recuperação da Barragem, talvez como último recurso, a pressão popular, para chamar a atenção dos "Irresponsáveis", para que saiam dos seus gabinetes refrigerados, deixem de fazer política utilizando a estrutura da CODEVASF e assumam a responsabilidade que o cargo e o alto salário exigem, cuidando de fato das urgências não somente do Zabumbão, como em outros cantos que clamam por ações eficientes desse órgão que hoje demonstra irresponsabilidade, dando-nos as costas como resposta.
Por: Samuel Rodrigues de Lima – Jornalista: DRT-BA/MTE 5232