Ferido e enfraquecido pelo que chamou de “movimento vira-casacas”, líder disparou contra gestores que mudaram de lado

Ilhéus foi palco de uma cena rara na política baiana: o ex-prefeito de Salvador e líder nacional do União Brasil, ACM Neto, deixou transparecer a dor da traição em um discurso inflamado que parou a agenda política no último sábado (26). Visivelmente magoado em uma rádio local, Neto classificou como “traidores” os prefeitos que abandonaram sua base para se renderem ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT).

Sem disfarçar o rancor, Neto falou com a voz embargada em alguns momentos, comparando a infidelidade política a um ato de deslealdade pessoal. “Trocam de lado como quem troca de roupa. É vergonhoso”, disparou. E reforçou: “Fui candidato em 2008, enfrentei outras derrotas, mas nunca negociei minha posição. Lealdade é o que separa quem tem caráter de quem só pensa no próprio bolso.”

O desabafo público foi visto por analistas como um grito de alerta: o União Brasil enfrenta um cerco, com prefeitos buscando apoio do Palácio de Ondina em troca de verbas e influência para as eleições municipais de 2028. Para Neto, essa dança de interesses é uma afronta à verdadeira política.

“Que o povo não esqueça: traidores costumam ser julgados. E, na história, quase sempre são condenados”, avisou, arrancando aplausos dos presentes, mas também acirrando a crise nos bastidores. Enquanto Neto tenta conter a sangria em sua base, prefeitos atingidos já se movimentam para justificar suas escolhas, alegando a busca por ‘benefícios aos municípios’. O episódio marca um novo capítulo de tensão entre oposição e governo estadual e promete aquecer ainda mais o embate eleitoral que se aproxima. No sul da Bahia, ficou claro: as feridas políticas estão abertas — e custarão a cicatrizar.