O futuro do goleiro Bruno Fernandes começa a ser decido na manhã desta segunda-feira (4), no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Quase três anos após o desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do atleta, o jogador senta no banco dos réus para ser julgado pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. 
Bruno, que deveria ter ido a juri popular em novembro de 2012, teve seu processo desmembrado. Sua ex-mulher, Dayane Rodrigues, também será julgada a partir desta segunda, pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho, filho do goleiro com Eliza. 
Há uma semana, o primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa, considerado testemunha-chave no processo, disse em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, que, apesar de Luiz Herique Romão, o Macarrão, braço-direito do goleiro, ter planejado o crime, não havia como Bruno não saber o que estava acontecendo. 
Macarrão foi condenado em 24 de novembro de 2012, a 15 anos de prisão. Ele confessou a participação na morte da modelo, que teria sido executada após ordens do próprio Bruno. 
A entrevista de Jorge Luiz foi anexada ao processo, a pedido do promotor Henry Wagner Vasconcelos. 
Inquérito
Um inquérito feito pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa) de Belo Horizonte, a pedido do Ministério Público, aponta mais um suspeito de participação na morte de Eliza. A Polícia Civil quebrou os sigilos bancários e telefônicos do goleiro, deMarcos Aparecido, o Bola, apontado como o executor da modelo, e do policial aposentado José Lauriano, o Zezé, e identificou, além de depósitos de altos valores, ligações para o policial Gilson Costa na época do crime. 
No curso da investigação de Zezé, surgiu o nome do policial civil Gilson Costa, que ainda atua na corporação. Costa é réu, com Bola e outros dois acusados, no caso que investiga a tortura e execução de dois homens no sítio de Bola, que era usado para o treinamento do extinto GRE (Grupo de Resposta Especial).
Segundo a polícia, Bola ligou para Zezé 15 vezes na noite em que Eliza teria sido morta. O envolvimento de Gilson Costa consta nesta investigação paralela em caráter sigiloso.  
Os depósitos apontam movimentações de mais de R$ 100 mil nas contas dos envolvidos, valores incompatíveis com seus rendimentos.
O inquérito, com cinco volumes, é sigiloso e ainda não foi anexado ao processo. 
Penas 
Se condenado por todos os crimes, Bruno pode pegar até 41 anos de prisão. Já Dayane tem pena prevista de no máximo cinco anos. A expectativa da juíza Marixa Fabiane Lopes é que o julgamento não ultrapasse três dias de duração. 
De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, serão convocadas 14 testemunhas, pouco mais de um terço do total da primeira fase do júri, em novembro de 2012, quando 35 pessoas foram chamadas.