A situação politica da ex-presidente, Dilma Rousseff, ficou bem mais vunerável com as delações dos marketeiros João Santana e Mônica Moura. Lula já saiu em defesa de Dilma dizendo que tudo mentira. Faz seu contumaz papel de achar que só ele detém a verdade. João e Mônica foram responsáveis pelo marketing das campanhas petistas a presidência em 2006, 2010 e 2014.
O marqueteiro João Santana afirmou, em delação premiada, que a ex-presidente Dilma teria assumido o "controle da gestão financeira" da campanha eleitoral de 2014. Segundo Santana, a ex-presidente teria marcado um encontro, no início de 2014, para "tranquilizar" o marqueteiro sobre a forma de custear a campanha, que passaria a ser gerenciada pelo então ministro da Fazenda Guido Mantega
"Ela disse: Eu quero primeiro lhe tranquilizar em relação à campanha de 2014. Eu estou criando um sistema que você pela primeira vez poderá ser pago até antecipadamente", relatou Santana. O sistema, descreve o delator, excluiria o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
A presteza prometida não teria, no entanto, se concretizado, conforme explica o marqueteiro: "Era para entrar o dinheiro, e o Guido não conseguiu viabilizar. Foi paga uma parte, mas não com a presteza e a antecipação com que havia sido garantido".
A colaboração de Santana e de Mônica Moura, além de André Santana, funcionário do casal, foi assinada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta sexta-feira, 12, o Supremo divulgou os vídeos com os depoimentos do casal.
Segundo Mônica, a ex-presidente frequentemente se mostrava preocupada com o avanço da Operação Lava Jato, sobretudo sobre a empreiteira, e temia que os pagamentos paralelos à conta Shellbill, no banco Heritage, fossem rastreados pelos investigadores.
“Ela queria que a gente mexesse na conta. Ela sugeriu uma vez ‘porque vocês não transferem essa conta de lá para algum outro lugar?’. Aí João dizia ‘de jeito nenhum, eu não vou mexer em nada, não tenho culpa de nada, mexer significa assunção de culpa’. Ela sugeriu uma vez que a gente mandasse pra um lugar, Cingapura, ou algo assim, que ela ouviu que era um lugar muito seguro, que a Suíça já estava… as conversas eram assim, a preocupação dela com essa conta que seria o elo do pagamento da Odebrecht”.
De acordo com Mônica Moura, a então presidente informava detalhes do andamento da Lava-Jato por meio de e-mails secretos, em que mensagens cifradas serviam para alertar o casal. Em uma dessas mensagens, Dilma, que usava o codinome de Iolanda na conta do e-mail, avisou previamente a data em que seria deflagrada a operação e a ordem de prisão que existia contra Santana e Mônica.
Para evitar rastreamento pelos investigadores, os e-mails não eram enviados, mas apenas salvos na parte destinada a “rascunhos”. Em determinado momento, também por questões de “segurança”, Dilma pediu à mulher de Santana que criasse outra conta de e-mail, o que foi feito.
Às vésperas da Operação Acarajé, que prendeu o casal, segundo a delatora, Dilma alertou João Santana por meio de um telefonema que o casal estava prestes a ser preso pela Polícia Federal.
“Na noite do dia 21 nós de fevereiro, ou do dia 20, nós fomos avisados de que havia um mandado de prisão assinado em cima da mesa, foi visto um mandado de prisão assinado já contra a gente. Não fizemos nada, e no dia 22 estourou a operação”, relatou Mônica.