Nos próximos dias chega ao fim mais um período de piracema, época do defeso, em que os peixes efetuam a desova e consequente procriação. Pelo 10º ano consecutivo, graças à iniciativa do Jornal O Eco, com o apoio de pescadores e dos prefeitos Dr. Júlio de Paramirim e Dr. João Paulo de Érico Cardoso, que sempre oferecem o suporte necessário, foi possível o sucesso da campanha de alerta sobre a proibição da pesca na bacia da barragem do Zabumbão e adjacências.
Com essa atitude, que contou também com o importante aval do Ministério Público na pessoa do Assessor Alex, evitou-se também este ano, a pesca em período indevido, preservando nossas espécies e garantindo o abastecimento da região, além de assegurar trabalho aos pescadores que ganham o seu sustento com essa atividade.
Temos consciência de que essas ações, não representam tudo, no que diz respeito à preservação. É necessária a conscientização, no sentido de se utilizar equipamentos adequados, redes com malhas dentro das especificações, para que não sejam retirados peixes ainda em desenvolvimento. Também a preservação das áreas que muito sofrem, dentre outras ações, deveriam ser desenvolvidas pelos órgãos competentes, IBAMA, ANA e a própria CODEVASF, que é responsável legal pela barragem e rios afluentes.
Se por um lado estamos felizes, comemorando o sucesso da campanha da piracema, por outro as preocupações ambientais são crescentes. Pois, além de todos os problemas enfrentados pela barragem e pelos rios afluentes, a seca que castigou a região, desmatamentos irregulares, falta de fiscalização e proteção às fontes de água, bem valioso que clama por cuidados.
A nossa preocupação agora se volta com maior intensidade, para um fato inusitado e quase que inacreditável que vem ocorrendo debaixo dos nossos narizes e ao que parece, ninguém pretende fazer nada a respeito.
Visitamos diversos pontos da área da barragem do Zabumbão e constatamos que devido ao descaso da CODEVASF, que praticamente abandonou o lago, não existindo fiscalização periódica, acompanhamento do sistema, alguns espertalhões, sem o mínimo de consciência e com ganância de sobra, decidiram derrubar árvores que margeiam o lago, não poupando inclusive as frondosas algarobas, segundo se apurou, utilizam a madeira para fabricação de estacas e mourões de cerca.
Agora a parte mais triste, que exige uma resposta imediata dos organismos fiscalizadores, áreas de terras indenizadas, quando da construção da barragem, que hoje pertencem à UNIÃO, estando sob a responsabilidade da CODEVASF, estão sendo aos poucos invadidas pelos ex-proprietários e outros espertinhos, que, com arame farpado, demarcam cada um o seu pedaço e, além de criarem gado, plantam capim, aplicam inseticidas, que no período chuvoso escorre diretamente para o espelho d'água, poluindo-o seriamente.
Aquela área que se inicia na parede da barragem e vai até as imediações dos Balaios, todo o terreno que se localiza à margem direita da estrada de Água Quente, é área de preservação ambiental, pois protege a bacia do Zabumbão.
Um absurdo sem tamanho, afinal, os invasores estão repovoando com seus gados uma área de acesso proibido, onde existe a maior reserva de água potável que abastece a população de diversas cidades nas quais residem milhares de pessoas no Vale do Paramirim.