Passada a euforia inicial de um ano de eleições, estamos a poucos dias de decidirmos, com um único ato, darmos o veredicto, do que irá acontecer na Bahia e no Brasil.
Hoje, passados quase todos os acontecimentos da campanha eleitoral, restando poucos dias para o fim de toda encenação obrigatória no rádio e TV, em programas eleitorais que mais confundiram que explicaram, com todo o circo de acusações e até bizarrices, tendo também se despedido o inverno, com um friozinho atípico aqui por estas bandas, que de certa forma, postergou o retorno das verdadeiras preocupações diárias do sertanejo.
A seca, calor de 40 graus, sol ardente e desolação no campo, crise nas pequenas e grandes cidades encravadas no sofrido nordeste, demonstram a dura realidade de volta ao cotidiano do homem do sertão. Ele que, apenas pela TV, pôde ver a copa. Apenas dessa forma, em sua humilde morada, teve o direito de ver os “deslumbrantes estádios”, a farra das concentrações, os jogos de futebol, nos quais atletas milionários eram recebidos com chuva de fogos de artifícios coloridos, sendo aplaudidos pela minoria privilegiada que adquiriram os ingressos de camarote com direito a ar condicionado, seguranças e até garçonetes “voluntárias”. Tudo isso pra que? Fora o vexame de 7X1 que tomamos da Alemanha, em que isso nos edificou?
Bem, setembro já se despede e logo estaremos em outubro, mês da eleição. O sertanejo nessa hora é lembrado, abraçado e recebe o aperto de mão. É carreata pra uma banda, caminhadas para outra, porém, diante das propostas mirabolantes dos candidatos ao governo, não se observa com clareza a preocupação evidente com a seca que castiga milhões de pessoas, agricultores que perdem as lavouras, produtores que clamam por não terem mais pastagem e o gado minguado, barragens chegando ao limite de alerta, as preocupações com a criação, que terá que ser alimentado com ração.
Ninguém lança discussão sobre a devastação da caatinga, cerâmicas irregulares desmatando, latifundiários que destroem árvores sem piedade, por bel prazer, certos da impunidade, ainda ateiam fogo. Nada se fala em meio ambiente.
O mato secou, a água é escassa. Mesmo assim os candidatos ao governo e a presidência, não mencionam em seus discursos, alternativas e soluções. Não estão contidos nos projetos, construções de novas barragens, apenas promessas vazias que o vento leva. O que vemos e ouvimos são soluções “milagrosas” sobre a exploração das reservas que já agonizam. A ideia é redividir o pouco que já não dá para alguns. Adutoras do São Francisco é sempre a saída quando querem fugir dos problemas apresentados e que se agravam a cada dia, a cada ano.
É Impressionante a insensibilidade! Será que não percebem em suas andanças que já existe gado morrendo de sede e passando fome? Será que não enxergam em alguns pontos da Bahia, que o sertanejo revira a lama nos açudes e lagoa quase secas, em busca de peixe para se alimentar?
Famílias estão vivendo unicamente de programas sociais, o que é uma vergonha para um país tão rico e capaz de oferecer oportunidades aos seus filhos. O que será que eles propõem para o fim do êxodo rural? Nos latifúndios só se fala em canalização, irrigação, “meu direito à água”, etc. Cadê o plano de preservação das nascentes? Onde está à fiscalização? Quando irão concluir as obras inacabadas de esgotamento sanitário? Quando incluirão nesse programa o tratamento de dejetos próximos as nascentes?
Muito se fala em melhorar a educação, porém, alguém ouviu candidatos falarem em fortalecer o ensino médio? Cursinhos gratuitos preparatórios para o ENEM, não seria uma das prioridades na oferta de condições dignas aos jovens que irão concorrer?
A crise financeira, na qual nos colocaram os programas eleitoreiros, o populismo retirou de circulação milhões de reais que saem das contas minguadas de aposentados, pensionistas, funcionários públicos, diretamente para os bancos, após a “Onda dos empréstimos consignados” crédito para eletrodomésticos, linha branca, etc.
Esta é a realidade do povo do sertão! E o que se prega nos programas eleitorais? Ponte Salvador Itaparica, viaduto ali, rodoanel acolá, mega-projetos de aeroportos, enquanto municípios do semiárido, onde vivem milhões de pessoas, estão sofrendo.
Candidatos ligados aos Sindicatos, Federações, fazem conchavos de todas as formas, mas, o que é bom, a prestação de contas do trabalho como representantes, isso fica pra depois, agora é hora da corrida pelo voto.
Diante de tudo o que estamos acostumados a presenciar a cada eleição, devemos mais uma vez, no já famoso exame de consciência, esquecer o tapinha nas costas, não nos iludirmos com as promessas vazias, o imediatismo e de forma serena optarmos pelo que nós acreditamos ser o melhor.
Quanto aos deputados, esses devem ser escolhidos pelo que já fizeram pela localidade, levando em conta, quem os está apoiando, se for o prefeito do seu município e este estiver se esforçando para realizar um bom trabalho, esta será a sua melhor opção, uma vez que é com o prefeito e vereadores que você resolve, apresenta suas reivindicações, cobra os benefícios para a sua rua, seu bairro, sua cidade. O mesmo vale para as lideranças de oposição. Se eles já fizeram, ou estão presentes, realizando, ouvindo os clamores do povo e lutando no dia a dia, então seus deputados os ajudarão. Se só aparecem na eleição, você irá desperdiçar o seu voto mais uma vez.
O que não se deve é votar por votar, indivíduos estranhos, aparecem nessa época, dão um bom dinheiro a “cabos eleitorais” que nada representam, nada trouxeram de benefício ou projeto para a sua comunidade e na eleição chegam com a conversa mole e os santinhos nas mãos. Diga não! A escolha acertada dos deputados que irão representar a sua cidade, o seu município, poderá lhe trazer a oportunidade de melhorias gradativas e constantes. Lembrando que a atual situação exige que se cobre postura e projetos de tais políticos.
Samuel R. Lima – Jornalista – Jornal O Eco (Fotos Ilustrativas)