Pesquisa investigou a transmissão da Covid-19 na comunidade de Manguinhos e pode nortear reabertura de escolas.

Os cientistas fizeram visitas às residências dessas crianças e as testaram com PCR (para detectar o coronavírus) e sorologia (em busca de anticorpos que revelassem exposição ao Sars-CoV-2). Adultos e adolescentes que moravam com as crianças atendidas também foram testados. A hipótese dos pesquisadores era a de que se a transmissão fosse principalmente de adultos e adolescentes para crianças, eles teriam anticorpos antes delas. Foi exatamente o que ocorreu.

Vacinação infantil
Os cientistas ressaltam que mesmo não tendo papel importante na transmissão da Covid-19, é preciso incluir as crianças nos ensaios clínicos de imunizantes. Se os adultos forem imunizados e as crianças não, elas podem continuar a perpetuar a epidemia — explica Patrícia Brasil.

Os pesquisadores lembram ainda que em países de alta incidência da Covid-19, como o Brasil, é preciso imunizar no mínimo 85% da população para de fato conter a pandemia. E esse percentual só será alcançado com a inclusão de crianças no programa de vacinação. No Brasil, 25% da população têm menos de 18 anos.

Atualmente, nenhuma das vacinas contra a Covid-19 foi aprovada para crianças. Elas não participaram dos ensaios clínicos por razão lógica: não são parte dos grupos prioritários. No entanto, os fabricantes de alguns dos imunizantes já iniciaram testes com crianças.

A Pfizer/BioNTech anunciou que pedirá autorização à agência reguladora europeia para vacinar, a partir de junho, a faixa etária entre 12 e 15 anos — que já recebe doses no Canadá. E a Pfizer espera para julho os resultados dos testes com o imunizante em crianças de 5 a 12 anos. Para setembro, por sua vez, estão previstos os resultados dos ensaios clínicos com bebês a partir de seis meses de idade.