O motorista José Carlos Lopes Júnior, de 35 anos, se apresentou nesta segunda-feira, 17, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, em Salvador, onde confessou ter assassinado a tiros a ex-namorada, a recepcionista Luana Fernandes Hungria, 24, após ter ouvido “vozes dizendo que ela o traía”. O crime foi cometido no dia 11 de julho, no bairro do Uruguai, a poucos metros da casa da vítima.
Naquela ocasião, Luana e a amiga Janaína Aguiar Silva Bispo, 24, seguiam pela Rua José Geraldo Veloso Gordilho, quando José Lopes se aproximou armado em uma motocicleta Honda Fan preta. Luana, que ainda tentou se proteger numa garagem, levou dois tiros à queima-roupa – um no tórax e um no braço.
Ela chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida San Martin, mas não resistiu. Janaína, também alvejada por um dos disparos, passou por cirurgia no Hospital Geral do Estado (HGE) e não corre risco de morte.
Depois de prestar depoimento, o motorista deixou o DHPP com o rosto encoberto e se limitou a dizer que estava “arrependido”. Ele ficará preso temporariamente por 30 dias, na carceragem da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), na Baixa do Fiscal.
À delegada Pilly Dantas, titular da 3ª DH/BTS, entretanto, ele admitiu ter agido sob premeditação. “Ele pegou um revólver calibre 38 e a moto com um amigo, mas não declarou o nome dele”, assinalou Pilly.
"Momento espiritual difícil"
O advogado Fabiano Pimentel, responsável pela defesa de José Carlos, afirmou que seu cliente estaria passando um “momento espiritual difícil” desde que o pai morreu, há cerca de dois meses.
“Ele explicou como todos esses fatos aconteceram, desde a perda do pai, que causou um abalo psicológico muito grande pra ele, até questões relacionadas a remédios controlados que ele tomava. Tudo isso ficou explicado à delegada de polícia”, disse o criminalista, classificando o caso como “uma tragédia que abalou duas famílias”.
Apesar dos argumentos apresentados pelo assassino confesso, a delegada Pilly Dantas informou que, diante do comportamento de José Carlos, ele não aparenta ter qualquer desequilíbrio psicológico.
“Ele falou tranquilamente. Não temos nenhuma evidência de nenhum transtorno. Ele disse que, depois que passou a ouvir essas vozes, procurou um pai de santo e que também estaria sendo acompanhado por uma psicóloga”, detalhou a titular da 3ª DH/BTS.
Desabafo do familiar
“Esperamos que a justiça seja feita e que, depois dos 30 dias, o juiz decrete que ele siga para o presídio”, disse à reportagem o irmão de Luana, Lázaro Hungria, 32., que, cara a cara com José Carlos, o questionou sobre a morte da irmã.
“Perguntei se ele estava satisfeito com o que ele fez com a minha irmã, o motivo para ele ter feito. Ele não respondeu. Só baixava a cabeça e chorava. Perguntei a ele o que minha irmã fez pra ele”, descreveu.
José Carlos e Luana ficaram juntos por cerca de cinco meses. Os dois se conheciam desde a infância. Luana pôs fim à relação cinco dias antes do crime.