O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, absolveu o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) da acusação de tentar coagir o doleiro Lúcio Funaro a fim de evitar que este firmasse um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Na denúncia, o MPF citava ligações de Geddel para Raquel Pitta, esposa do doleiro, que teriam servido para que ele perguntasse sobre a vida de Funaro enquanto ele estava preso e sondar a existência de planos para uma possível delação, certo de que esta o envolveria.
O juiz não aceitou as argumentações da Procuradoria. “Não há prova de que os telefonemas tenham consistido em monitoramento de organização criminosa, tampouco de que ao mandar um abraço para Funaro, nos telefonemas dados a Raquel, o acusado Geddel, de maneira furtiva, indireta ou subliminar, mandava-lhe recados para atender ou obedecer à organização criminosa”, escreveu Vallisney, na sentença assinada nesta quarta-feira, 4.
Em depoimento, Funaro disse considerar que a ofensiva de Geddel demonstrava que ele podia causar retaliações a si e a sua família, seja por avaliar que o ex-ministro tinha grande influência no governo Temer ou por ele ser “amigo íntimo” do atual presidente. “Ele considerava possível que Geddel ou outros ligados a ele pudessem exercer influências políticas sobre algum órgão ou até mesmo o Poder Judiciário, a fim de prejudicar o declarante no caso de resolver firmar acordo de colaboração premiada”, diz trecho da acusação.