Situação Econômica e Inflação são determinantes para a escolha dos beneficiários que recebem o auxílio.
Já era de se esperar que o apoio eleitoral de praticamente metade dos beneficiários do programa Auxílio Brasil seria para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso pode ser explicado pelo impacto do aumento da inflação sobre a população de mais baixa renda, justamente a que recebe o benefício, de acordo com o coordenador do PoderData, Rodolfo Costa Pinto. Pesquisa realizada de 8 a 10 de maio de 2022 mostra que 48% de quem recebe o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, declara voto em Lula no 1º turno das eleições de 2022. Nesse recorte, Jair Bolsonaro (PL) tem apenas 29% das intenções. O desempenho do atual chefe do Executivo é inferior se comparado ao total da população –em que Bolsonaro tem 35% dos votos, e Lula, 42%.
“O auxílio é direcionado justamente para pessoas que estão embaixo na pirâmide social e de renda, ou seja, são as pessoas que mais sofrem com o atual momento econômico e, por isso mesmo, têm mais tendência de culpar o governo do momento pela situação econômica e social atual”, explica Costa Pinto em entrevista ao Poder360. De acordo com ele, há uma memória do eleitor sobre Lula ter criado o Bolsa Família e o bom momento econômico de seus governos, mas a situação de dificuldade financeira atual pesa mais na decisão. Para Costa Pinto, o Auxílio Brasil tem uma dinâmica parecida com o auxílio emergencial, pago no auge da pandemia, na manutenção da aprovação do governo.
“A gente já viu em outras pesquisas do PoderData que o principal efeito do auxílio não era necessariamente puxar a avaliação do governo para cima, mas impedir que a aprovação do governo caísse tanto quanto poderia cair se não houvesse o auxílio”, disse. O coordenador do PoderData avalia que ainda há chance de Bolsonaro reverter o cenário com o eleitorado que recebe o benefício, mas dependerá primordialmente de uma recuperação do poder de compra da população até as eleições. “Existe um caminho para recuperar, mas não depende só dele ou de sua campanha. Acho que a economia agora tem papel muito importante na escolha dos votos das pessoas”, disse.