Doze dias após ter o nome incluído na lista das pessoas que o procurador-geral da República Rodrigo Janot enviou para o Supremo Tribunal Federal para serem investigadas devido à Operação Lava Jato, que apura desvio de recursos na Petrobras, o conselheiro Mário Negromonte mantém sua rotina de trabalho no Tribunal de Contas dos Municípios.
Na sessão de ontem do TCM ele foi relator de seis processos e votou nas outras matérias relatadas pelos colegas. Os processos analisados se referem a irregularidades praticadas por prefeitos e presidentes de Câmara de Vereadores de municípios baianos.
Ex-ministro das Cidades, ex-deputado federal e ex-presidente estadual do PP, Negromonte foi citado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos operadores do esquema de propinas, representando seu partido. Conforme o doleiro, após a morte de José Janene, o líder do esquema passou a ser Negromonte. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também disse que repassou R$ 5,5 milhões ao ex-ministro.
Negromonte se diz tranquilo, apesar de estar no olho do furação. Orientado pelo advogado, ele não está dando entrevistas por enquanto, mas aceitou conversar com a reportagem com o gravador desligado. Contou que vem recebendo solidariedade dos seus amigos e antigos eleitores e também muitas "orações".
Ele jura ser inocente e acredita que não haverá dificuldades para a Polícia Federal, Ministério Público e a Justiça comprovar quem recebeu propina, através da investigação das contas bancárias dos investigados. Garante que não vão encontrar nada na dele. Ele culpa os diretores réus confessos da Petrobras pelo esquema de corrupção e acredita que, ao serem flagrados, resolveram arrastar a classe política para a lama.
Explicações
Negromonte contou ter enviado explicações sobre sua situação a todos os conselheiros do TCM se dizendo inocente. As explicações teriam sido genéricas, sem muitos detalhes.
Abertamente, os conselheiros não demonstram insatisfação e desconforto com a presença de um dos investigados na Operação Lava Jato no TCM. Mas o clima na corte é de expectativa dos desdobramentos do caso. A corregedoria do Tribunal já avisou que não lhe cabe adotar providências contra Negromonte, pois o órgão só investiga eventuais malfeitos de conselheiro caso ele os tenha cometido como membro da corte.