Depois de ser criticado por cortar 30% do orçamento de algumas universidades federais (entre elas, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal Fluminense), usando critérios exclusivamente ideológicos (eventos e manifestações críticas a Jair Bolsonaro), o Ministério da Educação sob Abraham Weintraub estendeu o contingenciamento de verbas para todas as universidades federais.
Antes de receber aval irrestrito, o Ministro havia dito que o corte se daria em cima de universidades que fazem “balbúrdia” e “eventos ridículos”. Logo depois, com o apoio dos filhos do Presidente, Weintrub informou os motivos, a “bagunça” envolve “presença de sem-terra e gente pelada dentro do campus”, e acrescentou que para as instituições permitirem isso, é porque “deve estar com sobra de dinheiro”.
Na tentativa de amenizar as críticas, o ministro afirmara que o corte estava relacionado aos “resultados acadêmicos”, mas a imprensa mostrou que as instituições afetadas – além de UnB e UFF, a Universidade Federal da Bahia também foi uma das primeiras a sofrer o corte – estavam na lista de mais bem avaliadas no Brasil e no mundo.
ATAQUE A BOLSAS DE PESQUISA
Foi noticiado pelos reitores na quarta, 1º de maio, que o corte de 30% – atinge despesas das universidades com luz, água e outros itens que mantêm a qualidade do ambiente para alunos e profissionais – Weintraub também estuda reduzir a verba destinada a bolsas de estudo. Além de uma perseguição explícita aos filhos de famílias carentes, especialmente no nordeste, que se valem de tais bolsas para o sonho de uma graduação, o governo anunciou que o critério é avaliar e podar projetos que ele considerar com “viés ideológico”.
Ainda segundo a imprensa nacional, na visão do presidente Jair Bolsonaro, o MEC deslanchou, enfim. “Bolsonaro elogiou Weintraub. Disse que o anterior, Ricardo Vélez, tinha boas ideias, mas não conseguia executá-las. O atual, além de ser ideologicamente alinhado ao presidente, teria força de gestão.”
DECISÃO PODERÁ DESENCADEAR PARALISAÇÕES EM TODO O PAÍS
Em entrevista, a professora, antropóloga e pesquisadora Débora Diniz – que dava aulas na UnB, mas teve de deixar o País por causa de ameaças sofridas por apoiadores de Bolsonaro – afirmou que as universidades escolhidas inicialmente por Weintraub para servirem de exemplo no ataque estão entre as que mais produzem pensamento crítico ao governo. Não foi, portanto, uma seleção aleatória, mas um recado para a academia.
Para Diniz, contudo, a iniciativa não deverá amedrontar professores e alunos. Ao contrário disso, deve agitar a comunidade acadêmica e incentivá-la a defender com mais vigor a liberdade de cátedra e de livre manifestação. Há rumores de que a partir desse mês, sejam fortalecidas discussões no sentido de uma paralisação geral de todas as Universidades Federais do País por tempo indeterminado. “Isso seria o extremo nos dias atuais, no entanto, não se pode permitir que destruam sonhos e massacrem a educação”. declarou.
NÚMEROS
De acordo com informações, “todas as universidades federais já enfrentam contingenciamentos de 20% dos recursos previstos para este semestre. Cortes no orçamento do MEC fazem parte de um grande contingenciamento anunciado pelo governo, de R$ 30 bilhões. Do total, R$ 5,8 bilhões são da Educação, área que tem sido a maior penalizada.”