A repercussão foi imediata, com internautas e diversas personalidades e até o governador Jerônimo manifestando repúdio ao comentário. Para muitos, a fala de Noronha reforça um estereótipo preconceituoso e ultrapassado sobre os baianos, associando-os à preguiça e à falta de agilidade.

Durante uma sessão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) realizada nesta quarta-feira (19), o ministro João Otávio de Noronha proferiu uma declaração considerada xenofóbica contra os baianos, causando indignação e revolta em milhares de internautas. A fala, que foi transmitida ao vivo, também arrancou risadas de outros magistrados da Corte, que, assim como Noronha, não são naturais da Bahia.

A polêmica começou quando o ministro Raul Araújo, natural de Fortaleza (CE), mencionou que havia machucado o joelho enquanto praticava basquete. Em tom de brincadeira, João Otávio de Noronha, que é mineiro de Três Corações (MG), afirmou: “Você já sabe, baiano que joga basquete, dizem que o baiano é tão ágil, tão ágil que quando joga basquete, se ele arremessa a bola na cesta, ela só cai no sábado”. A declaração gerou gargalhadas entre os ministros presentes na sessão.

A repercussão foi imediata, com internautas e diversas personalidades manifestando repúdio ao comentário. Para muitos, a fala de Noronha reforça um estereótipo preconceituoso e ultrapassado sobre os baianos, associando-os à preguiça e à falta de agilidade. A indignação ganhou força nas redes sociais, com milhares de postagens criticando o comportamento do magistrado.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), usou suas redes sociais para condenar a atitude do ministro e exigir respeito ao povo baiano. “É xenofobia pura. É estarrecedor ouvir, em pleno 2025, uma autoridade reproduzir um estereótipo preconceituoso contra o povo baiano. Não podemos aceitar esse tipo de preconceito vindo de um membro de uma instituição tão respeitada como o STJ”, declarou Rodrigues.

Além da indignação popular, especialistas em direito e ativistas sociais também se manifestaram contra a fala do ministro. Para a advogada e pesquisadora de direitos humanos, Carolina Almeida, “esse tipo de piada reforça um discurso excludente e discriminatório, que precisa ser combatido em todas as esferas da sociedade, principalmente dentro de instituições que deveriam prezar pela igualdade e justiça”.

Nenhum dos ministros presentes na sessão é baiano. João Otávio de Noronha, que proferiu a declaração, é natural de Minas Gerais. Os demais magistrados são Marco Buzzi, de Timbó (SC), Raul Araújo, de Fortaleza (CE), Maria Isabel Galloti, do Rio de Janeiro, e Antonio Carlos Ferreira, de São Paulo.

Até o momento, João Otávio de Noronha não se pronunciou sobre a polêmica. No entanto, a repercussão do caso segue crescendo, e há expectativa para que o STJ se manifeste oficialmente sobre o ocorrido. Movimentos sociais e políticos já articulam um pedido de retratação formal por parte do ministro e da Corte.

O episódio reacende o debate sobre xenofobia no Brasil e a necessidade de combater discursos que reforcem preconceitos regionais. Em um país marcado por sua diversidade cultural, é fundamental que figuras públicas e autoridades tenham consciência do impacto de suas palavras e promovam o respeito entre os cidadãos de todas as regiões.

VEJA VÍDEO DA SESSÃO QUE INDIGNOU OS BAIANOS: