Sérias denúncias contra a REDE CEGONHA deverão provocar investigações no antigo modelo de atendimento e gestão do Hospital José Américo.
Que as velhas práticas no atendimento médico hospitalar em Paramirim estão indo ladeira abaixo, é notório há algum tempo. Segundo uma fonte do Jornal O Eco, que atua na área, “a arrogância, o clientelismo que consistia em forçar pacientes à subserviência e ao endeusamento de certos médicos, por muito tempo tidos como únicos capazes de aliviar a dor e salvar vidas, vem sendo abolido há alguns anos. Esse fenômeno provocado pela desmistificação no atendimento, com a chegada de novos profissionais, dotados de visão humanitária e postura ética, foram conquistando a população que percebe o reflexo no atendimento de qualidade”. Declara o profissional que prefere o anonimato.
É de conhecimento público, que há cerca de 05 anos, também a gestão municipal contribui para esse movimento de independência, implantando avanços no atendimento de saúde, disponibilizando equipamentos, exames e tratamentos em todas as especialidades, de forma gratuita, com conforto e igualdade de diretos aos pacientes, sem que os mesmos fiquem à mercê de favores. Também a descentralização, reforçando atendimentos diários nos PSFs, postos e programas de acolhimento e acompanhamento dos enfermos como o Melhor em Casa, ampliaram a certeza por parte das famílias de que a saúde é um direito de todos, e que as práticas do clientelismo tão exploradas de forma muitas vezes cruéis, ficaram no passado.
Na contramão desse processo, o Hospital José Américo Resende, foi alvo de grave denúncia por parte de uma paciente puérpera, que alega ter sofrido com suposta omissão, que teria colocado a sua vida e do seu bebê em risco na hora do parto, que ocorreu de forma traumática na ala da Rede Cegonha (Programa Federal), que funciona no referido hospital. A denúncia de irregularidades foi apresentada pela mãe da puérpera, na última sessão da Câmara de Vereadores, que ocorreu no dia 03 de setembro, sendo que a maioria dos edis, chocados com as declarações, prometeram delatar o fato ao Ministério Público, anunciando que irão oferecer à Fundação de Saúde, o direito ao contraditório e acompanhar as investigações. Antes mesmo deste acontecimento, já eram ventiladas na Câmara, outras denúncias sobre práticas ilegais junto ao quadro funcional e suspeitas de irregularidades nas prestações de contas do órgão, relativas aos recursos estaduais e federais.
Diante do grave cenário, pelo menos a bancada de vereadores da situação, demonstra estar convicta de que é preciso uma apuração para que sejam esclarecidos os fatos do presente, que podem ter origem nos equívocos de um passado recente. Uma possível intervenção do Ministério Público, certamente esclarecerá dúvidas e constatará se na prática cotidiana, está sendo observada a correta postura na gestão do órgão de saúde, bem como dos médicos para com a sociedade. É fato que as desconfianças da sociedade sobre a incorreta prestação de serviços médicos com objetivos supostamente politiqueiros, ganhou força e repercutiu fortemente nas duas últimas eleições municipais. Vale ressaltar, que nem de longe pretende-se atrelar o inquestionável e importante papel social da Instituição de Saúde, que ostenta relevante prestígio e respeito das pessoas que dela se servem. O que se enfoca, no entanto, é a postura profissional de “alguns”, que nos últimos tempos, teriam se apropriado dessa estrutura, para a prática um tanto quanto equivocada da atividade, como meio de satisfazer interesses pessoais e políticos. O que se reclama, é que os recursos públicos ali investidos sejam executados de forma transparente e que de fato atenda aos princípios legais.
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Desde o dia seguinte à sessão na Câmara, nossa reportagem tentou contato com a diretoria do Hospital pelo número disponibilizado nos cadastros oficiais, para ouvir a versão da entidade sobre as acusações, no entanto, até o fechamento desta matéria, não obtivemos êxito. O Eco aguarda as explicações da entidade citada, bem como a possível oficialização das denúncias ao Ministério Público, para acompanhar de perto os desdobramentos e assim levar ao conhecimento dos nossos leitores e da população regional os fatos apurados. Mesmo diante de uma visível migração, com a consequente diminuição das demandas no antigo Hospital José Américo, os novos tempos na saúde de Paramirim, pelo visto não modificaram a postura da diretoria e “funcionários privilegiados” deste centro de saúde que, apesar de pertencer a uma Fundação Privada, historicamente recebe recursos públicos e, portanto, está sujeito às normas e eventuais fiscalizações dos órgãos competentes.