Fraude milionária envolvendo contratos de tecnologia da informação com a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador durou quase uma década e desviou recursos do SUS; 25 mandados foram cumpridos e R$ 100 milhões bloqueados.
A Polícia Federal (PF), em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta quinta-feira, 12 de junho de 2025, a Operação Dia Zero, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa acusada de desviar recursos federais destinados à saúde pública no município de Salvador.
As investigações tiveram início após a identificação de diversas irregularidades em um contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e uma organização social responsável por serviços de apoio técnico na área de tecnologia da informação (TI). O contrato, que previa suporte ao acesso aos serviços públicos de saúde, foi mantido por quase uma década, inclusive com registros de pagamentos feitos sem cobertura contratual.
Segundo informações da CGU, a organização criminosa utilizava empresas de fachada e contratos simulados para efetuar pagamentos a agentes públicos e a funcionários ligados à própria organização social, criando uma estrutura sofisticada para camuflar os desvios e esconder os verdadeiros beneficiários do esquema.
A operação contou com o cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão em cidades da Bahia — como Salvador, Mata de São João e Itapetinga, além de Maceió, em Alagoas. Também foram determinadas pelo Judiciário medidas como o bloqueio de valores que somam até R$ 100 milhões, o sequestro de imóveis ligados aos investigados e o afastamento temporário de servidores públicos envolvidos nas suspeitas.
Os investigados poderão responder por uma série de crimes graves, incluindo fraude à licitação, peculato, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro. As autoridades acreditam que os desvios impactaram diretamente recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), comprometendo a prestação de serviços essenciais à população.
A PF e a CGU informaram que as investigações seguem em andamento com o objetivo de aprofundar a apuração sobre o destino dos recursos públicos, identificar novos envolvidos, rastrear fluxos financeiros e subsidiar futuras ações judiciais. A operação levanta preocupações sobre a fiscalização de contratos públicos e reforça a importância de mecanismos mais eficazes de controle e transparência na gestão dos recursos destinados à saúde.
A Prefeitura de Salvador e a Secretaria Municipal de Saúde ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. Novas fases da operação não estão descartadas.