No dia em que a Bahia registrou mais 34 mortes e 3.349 novos casos de COVID-19, mais uma família paramirinhense experimentou a dor do luto em consequência de tão cruel doença.

O anúncio oficial da Secretaria Municipal de Saúde, confirmou nesta terça-feira (26) o oitavo óbito por covid-19 em Paramirim, mesmo dia em que a Bahia registrou, 3.349 novos casos da doença e mais 34 mortes. Trata-se da paciente idosa (88 anos), dona Edézia, que segundo a nota, deu entrada na unidade do hospital Dr Aurélio Justiniano Rocha no último dia 23/01/21 com sintomas gripais, tendo sido atendida e medicada, data em que foi notificada a vigilância epidemiológica e iniciadas orientações para continuidade do tratamento em residência, após orientação médica, uma vez que havia sido comprovado o diagnóstico laboratorial de COVID-19.

No dia 25, com aumento dos sintomas a paciente deu entrada no hospital José Américo Resende, tendo sido atendida e encaminhada para internamento hospitalar na mesma unidade. Infelizmente, após piora intensa do quadro clínico, a paciente veio a óbito ontem (26). A Secretaria de Saúde se solidarizou com familiares externando profundos sentimentos nesse momento de Luto. Paramirim ainda enfrenta a elevação de casos ativos, mesmo com severas medidas de restrição, ontem existiam 53 casos ativos, sendo que 49 pessoas estão em isolamento domiciliar e 04 hospitalizadas.

Dona Edézia, de 88 anos, era conhecida pela devoção a igreja, paixão pelos amigos e amor à família. O sorriso largo que presenteava a todos que cruzavam seu caminho, seu carisma era tanto, que a rua onde morava, todo bairro e boa parte da cidade conhecia como “Rua de Edézia”. Era ali que ela cumprimentava quem gritava seu nome na rua, otimismo era marcante em sua personalidade, sempre tinha alguma resposta bem-humorada ou um “vá com Deus, meu filho”. Edézia teve filhos estimados, mas deixou órfãos diversos amigos, com destaque para a sua irmandade fervorosa da igreja católica. Mulher negra, semianalfabeta, enviuvou cedo. Apesar do racismo, machismo e outras dificuldades enfrentadas, educou sozinha os filhos e mais diversos netos, seus maiores xodós. A covid-19 certamente agravou outros problemas de saúde que já possuía, mesmo enferma, ela não deixou de sorrir.

“Que saudade minha amiga! A senhora não imagina como nos fará falta! Não só para nossa irmandade, mas para todo mundo que conviveu com a senhora. Seu sorriso e falatório já não dão vida a “Rua de Edézia”, seus vizinhos e amigos já não ouvem mais suas brincadeiras que alegravam todos que passavam na sua porta e gritavam: “Edézia!” só para perturbar e ouvir sua voz.” Diz uma das muitas mensagens nas redes sociais.

“Gratidão e amor! As duas palavras que me transmite a lembrança dessa mulher! Gratidão por ter exercido com maestria a função de ser humano otimista, solidária e cristã devota, vó e mãe exemplar décadas após décadas…E amor por tudo, literalmente tudo que vinha dela transbordava amor. Chegou a hora da partida, e agora tem a palavra dor pra definir o que estamos sentindo… Que dor é essa que consome tudo? Na verdade, só não consome o meu amor. Eu vou te amar para sempre, obrigada por tudo”. Registrou um dos familiares.

E foi assim a despedida de dona Edézia! Se nos faltou o velório, uma despedida próxima, não faltou o amor que ela plantou e a saudade que brota em cada um que teve a sorte de conviver com essa figura querida. Seguiremos em frente com a dor da saudade, mas seguiremos felizes, porque temos sua marca registrada nestas terras que pisastes, somos agradecidos pelo privilégio de termos conhecido a guerreira Edézia que hoje vive nos céus.

*FOTOS: REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS