Para o alívio de muitas famílias que vivem nesse nosso pedaço de sertão, as chuvas retornaram com força e as previsões indicam a permanência de tempo fechado pelo menos até o início da próxima semana. De acordo com o Instituto Clima Tempo, todas as cidades da região, desde Anagé até Ibotirama, passando pelo Vale do Paramirim, Serra Geral e Chapada Diamantina, as precipitações devem ocorrer em boa quantidade.
As áreas de instabilidade continuam crescendo sobre toda a região sudoeste e oeste da Bahia. As chuvas que chegaram desde terça-feira, seguem acontecendo de maneira pontual em todo o Vale do Paramirim, alternando neblina e serração com pancadas de chuva, principalmente no período da noite. Há chance de chuva forte, com maior intensidade em alguns municípios, raios e trovoadas são vistos inclusive na região do Vale do Paramirim. O oeste da Bahia também pode ter algumas pancadas de chuva com raios de moderada a forte intensidade.
Em se confirmando as previsões, as expectativas são animadoras para municípios que sofrem com a escassez como é o caso de Dom Basílio, Boquira, Igaporã e Oliveira dos Brejinhos. A esperança é de que os reservatórios que abastecem a região, como é o caso da Barragem do Zabumbão, recebam bons volumes e aumentem seus níveis. Também os leitos antes secos, possam armazenar o precioso líquido que traz tranquilidade e produz fartura no sertão.
Por algumas vezes fomos criticados pelo “deslumbramento exagerado” ao noticiarmos as chuvas no nosso sertão. Para nós, humildes filhos de nordestinos retirantes, que diante das secas inclementes, experimentamos o amargo sentimento de solidão, presenciando o êxodo em nossos lares, ainda nos choca as lembranças da tristeza nos semblantes dos nossos pais, crianças que somente mais tarde iriam de fato compreender o motivo das lágrimas das nossas mães diante da escassez de suas dispensas. Encaramos tais críticas estúpidas, com a serenidade que a experiência vivida nos proporcionou. De coração perdoamos aos que assim se posicionam, afinal, certamente tiveram melhor infância e juventude, por isso, nunca saberão mensurar o temor adolescente diante da iminente fome.
“Por essas bandas andamos sonhando com chuva… quando ela chega ao sertão, a alegria é sem tamanho. Todo sertanejo recebe como benção a água que vem dos céus, alentando os corações, aliviando a secura do ar e o sol inclemente. A terra ressequida e sedenta recebe agradecida a chuva bendita. E, como num gesto de gratidão, tudo volta a brotar. Os galhos retorcidos, sem vida e sem brilho, logo voltam a manifestar o verde da esperança. Os pastos crescem com uma beleza incomum.
Nas grandes cidades, as pessoas têm a chuva como algo que atrapalha suas vidas, sem se lembrarem que é da roça que vem o seu alimento. É preciso viver no sertão para conhecer a alegria das criaturas viventes quando caem as primeiras gotas de chuva. Nos rostos brilha o sorriso de uma nova esperança e a notícia se espalha por todos os cantos: está chovendo no sertão! Quando estou fora e ligo para casa, a primeira notícia a ser dada como algo novo e extraordinário é: está chovendo aqui!
O sertanejo, o pequeno agricultor ou criador de gado corre a plantar seu milharal, seu feijão e o capim nos pastos. Ele vigia o céu, as nuvens, o movimento dos insetos, como quem zela por seu maior tesouro. E melhor que o serviço de meteorologia, ele sabe muito bem quando a chuva vai chegar. Parece que a chuva não apenas molha a terra, mas também vivifica os corações dos homens.
Precisamos voltar para uma observação cuidados da mãe-natureza e aprender com ela tudo aquilo de que necessitamos para renovar a vida. Sejamos como o sertanejo que respeita a fonte de onde provêm seu alimento e, como ele, não percamos a fé, a esperança e o otimismo”!