Caso expõe machismo, violência contra mulheres e a perpetuação da violência de gênero no interior da Bahia

Mais um caso revoltante de violência contra a mulher abalou a cidade de Tanhaçu e toda a região sudoeste da Bahia nesta terça-feira (28). Uma operação conjunta das polícias Civil e Militar resgatou uma mulher que era mantida em situação de cárcere privado na zona rural do município. A ocorrência, que teve início a partir de uma denúncia encaminhada pelo Conselho Tutelar local, escancarou uma dura realidade ainda presente em muitos interiores baianos: a resistência do machismo e a perpetuação da violência de gênero.

De acordo com informações confirmadas pela Polícia, a ação foi desencadeada por volta das 14h, quando as equipes se deslocaram até o povoado onde a vítima vivia sob constante privação de liberdade. Trancada dentro de casa, a mulher foi encontrada visivelmente abalada. O suspeito, um homem com quem ela tinha vínculo familiar, fugiu antes da chegada dos agentes e, até o fechamento desta matéria, ainda não havia sido localizado.

Segundo o delegado responsável pela investigação, o resgate foi fundamental para preservar a integridade física e psicológica da vítima, que foi conduzida a um local seguro. “Agora, ela recebe acompanhamento psicológico e jurídico, e contamos com o apoio da rede de proteção social, incluindo o Conselho Tutelar e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)”, afirmou.

O episódio gerou forte comoção e revolta na comunidade, que, nas redes sociais, manifestou indignação diante da brutalidade do caso. Para muitas lideranças locais, esse não é um fato isolado, mas um reflexo do machismo estrutural que persiste em muitas cidades do interior. Dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) apontam que, em 2024, foram registradas mais de 7 mil ocorrências de violência doméstica e familiar contra a mulher no estado, com maior incidência nas regiões do interior. Tanhaçu e municípios vizinhos, como Barra da Estiva e Contendas do Sincorá, figuram entre os locais com registros recorrentes de casos semelhantes.

“Ainda vivemos em uma sociedade que normaliza o controle e a submissão da mulher, especialmente nas áreas rurais, onde a informação e o acesso à proteção são mais limitados”, explica a socióloga e ativista pelos direitos das mulheres, Carla Meireles. A Polícia Civil segue empenhada em localizar e prender o suspeito. Paralelamente, o caso trouxe à tona a necessidade urgente de fortalecer as políticas públicas de proteção às mulheres no município e em toda a região.

O Conselho Tutelar reforçou que está à disposição de outras mulheres que vivam situações de risco. “Este caso não pode ser só mais uma estatística. Precisamos que ele sirva de alerta para toda a comunidade”, declarou uma das conselheiras.

Reflexão e mobilização
Entidades civis, coletivos feministas e organizações sociais estão mobilizando atos e campanhas de conscientização em Tanhaçu e nas cidades vizinhas. A expectativa é que, a partir desse triste episódio, haja um fortalecimento das redes de apoio e a criação de novos mecanismos de enfrentamento à violência contra a mulher.

Denuncie
Se você sofre ou conhece alguém que sofre violência doméstica, denuncie. Ligue para o 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou procure a delegacia mais próxima.