Eures rebateu acusações de que estaria legislando em causa própria ao defender o adiamento das eleições municipais

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, disse ter recebido com estranheza as acusações do deputado federal Marcelo Nilo de que estaria tentando “legislar em causa própria” se posicionando a favor do adiamento das eleições. Ribeiro, que é prefeito de Bom Jesus da Lapa, ressaltou que o debate sobre o adiamento é um pleito nacional e cabe ao Congresso e à Justiça Eleitoral, não sendo uma “exclusividade” sua.

Em entrevista ao A Tarde no último dia 20, o deputado federal Marcelo Nilo disse que “A CNM está querendo prorrogar os mandatos dos seus prefeitos. Eles não estão preocupados com o risco de nada. O que eles querem são mais dois anos de mandato. Para mim isso não existe. Não é democracia prorrogar mandato. Aí vira autoritarismo”, criticou Nilo, que aproveitou para disparar contra o prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro (PP), que é presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), e faz coro com a campanha da CNM. “Isso é Eures Ribeiro querendo trabalhar para prorrogar o mandato dele”.

Em sua resposta, Eures pegou ar: “tem muito parlamentar que desconhece a realidade dos municípios, vive na ponte aérea Salvador-Brasília e esquece de pisar no chão, onde o povo está morrendo sem expectativa de uma solução pra essa pandemia”, dispara Eures. O gestor explica que a UPB promoveu, em maio, uma reunião virtual com a bancada baiana para dialogar sobre o tema. “Infelizmente, o deputado Marcelo que é líder da bancada não apareceu. Se como representante do povo ele acha que temos condições de mandar o eleitor ir à urna em outubro sem colocar a saúde em risco, deveria ter o mínimo de respeito com os prefeitos e nos dirigir seus argumentos. Mas não o fez, nem de forma democrática”, lamentou o líder dos prefeitos baianos, que também é vice-presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

“Nacionalmente, estamos ouvindo cientistas, universidades, autoridades sanitárias, porque são eles que devem apontar se é seguro ou não. São mais de 50 mil pessoas diretamente envolvidas na realização das eleições e que estarão expostas à contaminação sem que haja uma vacina. Na Europa e Ásia já se fala em segunda onda da doença e não atingimos o pico da primeira no Brasil. É no mínimo coerente que o assunto eleições seja discutido pelo Congresso Nacional”, pondera Ribeiro. O prefeito de Bom Jesus da Lapa acrescenta que os representantes da nação não podem estar “desconectados” da realidade local dos municípios, que estão em maioria com decreto de calamidade pública em vigor pela falta de estrutura necessária para o enfrentamento do Coronavírus.