Proximidade com o ano eleitoral e prováveis desfechos que se desenham no horizonte de alguns municípios tem tirado o sono de muita gente.

Um dos maiores alívios administrativos para a crise financeira que sufocam gestões municipais, especialmente no interior do nosso sertão, é o suporte vindo do governo estadual, que auxilia com convênios, grandes e pequenas obras, além de recursos liberados para execução de serviços, isso sem falar nas cotas de emendas parlamentares que em muitos casos, recebem o aval do governo para serem liberadas. Ao nos aproximarmos do ano eleitoral e logicamente das convenções partidárias, já existe gente que não dorme bem, preocupada com um desfecho que se desenha no horizonte eleitoral.

A situação política nas cidades do interior baiano, especialmente as de pequeno e médio porte, está cada vez mais complicada para os prefeitos que tentam a reeleição e para os pré-candidatos que não contam com o apoio dos governos federal e mais particularmente, do governo estadual. Com a crise econômica e  social, desaceleração da economia, obras paralisadas por afastamento político dos prefeitos, ocorridos no pleito passado, muitos eleitores começam a se mostrarem insatisfeitos com os gestores municipais que tomaram decisão contrária e acabaram por perderem o elo de ligação com governo da Bahia.

As pesquisas indicam que essa situação predomina na maioria dos municípios tidos como de oposição no estado. No sentimento da maioria, há falta de perspectivas em um futuro promissor, afinal, candidato ou prefeito que pretende governar apenas com os repasses constitucionais, não inspiram confiança no eleitor, que já entende a dependência inegável das administrações, para alavancar projetos, implantar desenvolvimento, gerar mais postos de trabalho e renda, sem o canal direto com as esferas estadual e federal. Apesar de saber que não deveria ser assim, o cidadão comum, externa inclusive nas pesquisas de opinião que é desse modo que funciona o toma lá dá cá da política.

Além disso, o governo não esconde inclusive em discursos públicos, entrevistas para a mídia, que pretende utilizar sua influência e seus recursos para favorecer os candidatos de sua base aliada, dificultando aos adversários que não caminharam com ele no pleito passado. Nesse cenário, os prefeitos em reeleição e os pré-candidatos que não possuem apoio do governo, tem suas chances de vencer o pleito diminuídas.

Exemplos nítidos estão em cenários políticos que se desenham em municípios da região como Brumado, tendo o atual prefeito que gozava do prestígio junto ao governo, abandonado o barco e hoje  está sem condições até de indicar um nome, pois, os pré-candidatos existentes, não desejam seu apoio. Também em Vitória da Conquista, a prefeita Sheila Lemos sabe o tamanho do desafio e da pressão que a aguarda. Em Rio de Contas, o prefeito que saiu do ninho governista, agora vê sua base esvaziada e seu governo caminhando para um melancólico fim, com sua pré-candidata patinando e sem decolar. Já Macaúbas, o prefeito que desde o início declarou voto a ACM Neto e Bolsonaro, mesmo articulando um ‘plano infalível’ para o ano eleitoral, poderá sofrer uma das maiores derrotas da história.

Dentro da realidade que se conhece, além das manobras que acontecem durante todo ano eleitoral, incluindo troca de favores e a famigerada compra de votos, está cada vez mais explícito que, mesmo aquele eleitor que porventura concorde em receber vantagens em troca do voto, conhecendo o potencial de cada candidato, ainda que recebendo “o agrado de boca de urna”, sabe discernir qual dos candidatos possuirá mais chances de realizar o que sua comunidade necessita e na visão da maioria, prefeito sozinho não  vai longe na gestão.